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HISTÓRIA DO AYURVEDA
– DO ALÉM TEMPO ATÉ AQUI E AGORA

A história do Ayurveda, para além de longa, é mística. Escrevo mística porque está envolta de mistério no que diz respeito à sua origem se tivermos em conta a clareza, certeza e acuidade dos primeiros registos, datados de há cerca de 3500 anos antes de Cristo, nos Vedas. Apesar de haver referência ao conhecimento Ayurveda nos Vedas, nomeadamente Rig Veda, Ajur Veda e Atharva Veda, não existe a descrição deste corpo de conhecimento remetendo-nos para a ideia de que o conhecimento já existia de forma integrada naquela sociedade e cultura. Ora, a integração de um corpo de conhecimento numa cultura não é coisa para acontecer de forma fugaz e leviana, não antigamente pelo menos.

É inegável que o Ayurveda tem origem em tempos imemoriais, tempos anteriores às dimensões tempo e espaço recentes quando os continentes tinham outros posicionamentos e o tempo se contava de outra forma que não associado ao nascimento de Cristo (até porque faltariam ainda uns milhares de anos para esse acontecimento). Assim, a história não tem registo ou memória da origem do Ayurveda originando um mistério que acabou por contar uma história semelhante a uma manta de retalhos, cheia de silêncios e padrões que não encaixam e que acabam por tornar a sua verdadeira origem pouco clara, diria até oculta. Por isso, na Índia se diz que o Ayurveda teve origem direta do próprio Criador (Brahm) e é considerado eterno, porque ninguém sabe realmente em que época ele ainda não existia. Tudo isso mostra sua longa tradição e a sua profunda ligação com a cultura indiana.
Porém, se por um lado esse mistério e desordem atrai uns quantos, tantos outros questionam ou reduzem a história do Ayurveda apenas ao que tem registo, desvalorizando o Ayurveda no tempo e espaço, duas dimensões que sustentam o Mundo actual.

O texto de hoje vem abordar a história do Ayurveda para além das dimensões: tempo, espaço e mundo como o conhecemos; e expor de forma clara a história da Medicina Ayurveda como o sistema médico mais antigo do mundo, pelo menos no que diz respeito ao Mundo como o conhecemos.
A medicina ayurveda tem provas registadas de ser originária do vale do hindu, na zona agora registada geograficamente como India. Nestes mesmos registos, é referido que o conhecimento descrito, e não escrito, existia há já milhares de anos apesar de ser até então transmitido dentro de uma tradição oral de mestres para discípulos baseado na sabedoria eterna do povo, adquirida a partir de experiência e meditação sobre todos os conhecimentos que pudessem ser úteis à humanidade: engenharia, física, astrologia, biologia, toxicologia, filosofia, teologia, etc..
Mas temos por missão, neste texto, esclarecer o que já foi concluído pela “ciência”, tratando-se por isso de algo “inquestionável” para a mente da sociedade actual, e não, fazer inferências ou comentários pessoais.
A verdade é que ninguém sabe ao certo quando se desenvolveu a primeira civilização na India mas estudos actuais asseguram que, a civilização mais antiga de que se tem notícia – Harappa, surgiu por volta de 3000 anos a.C. Ora estamos a falar de uma civilização com saneamento, mercados de rua, termas, casas estruturadas, lugares comuns de lazer e recurso a ervas medicinais muito usadas no ayurveda. O facto desta civilização ser tão evoluída conclui per si que não seria a única nem a mais antiga civilização pelo que é de fácil deduzir que a primeira civilização se terá desenvolvido bem antes.

Voltemos aos factos, esta cultura dominou o Vale Hindu por talvez 1500 anos até as invasões do povo Ariano, nómades da Ásia Central quem se se atribui a escritura dos Vedas. Apesar do Ayurveda ser referenciado no Rio Veda (o mais antigo dos vedas), Sama Veda, e Ajur Veda, é no Atharva-Veda que se reconhecem referências mais especificas sobre o Ayurveda. Posterior aos Vedas mas ainda alguns milhares de anos antes de Cristo surgem 6 grandes tratados médicos, entre eles o Charaka Samhita (tratado de medicina interna) e o Sushruta Samhita (tratado de cirurgia), escritos inicialmente para treinar médicos que se responsabilizassem pela saúde dos governantes dos reinos pois estes refletiam a saúde do estado e manutenção da estabilidade política.
Foi na era de Gautama Buddha (563-483 a.C.) que o Ayurveda viveu a sua fase gloriosa, pois o próprio Buda era um grande estimulador de sua prática e estudo, excepção feita à prática cirúrgica por ser valor máximo do budismo a não violência (incluindo práticas cirúrgicas e investigação).

No século III a.C., motivado pelos ensinamentos de Buda, Ashoka (imperador do norte da India) converteu-se ao Budismo e construiu hospitais de caridade, com setores de cirurgia, obstetrícia e problemas mentais, por todo o reino, não somente para seres humanos, como também para animais. E enviou emissários para países vizinhos, o que ajudou a difundir ainda mais o Budismo e o Ayurveda fazendo o Ayurveda chegar ao Sri Lanka. Durante os dois reinados posteriores, houve grande incentivo à prática da medicina Ayurveda com o governo a patrocinar hortos de plantas medicinais, construir hospitais e maternidades e punição de charlatões que tentavam praticar medicina sem permissão imperial. Em simultâneo o incentivo da prática estimulou o aprendizado tornando-se igualmente um período intelectualmente fértil com a construção de verdadeiras universidades onde eram ensinados, além do Budismo e da ciência védica, história, geografia, gramática, literatura sânscrita, drama, poesia, leis, filosofia, matemática, astrologia, astronomia, comércio, artes bélicas e medicina. A mais famosa destas universidades era a de Nalanda, que fechou portas por volta do século XII d.C., após quase 800 anos de funcionamento.

A Era de Ouro do Ayurveda tinha chegado agora ao fim, ou perto disso.
Entre os séculos X e XII, as repetidas e violentas invasões da India por muçulmanos levaram ao assassinato de monges budistas, destruição de universidades e bibliotecas. Aqueles que conseguiram escapar fugiram para o Nepal e para o Tibete levando os poucos textos ayurveda que conseguiram (alguns destes preservados até hoje apenas na tradução tibetana, daí o equivoco de associar a medicina tibetana a algo diferente de Ayurveda).
No século XVI, Akbar, o maior imperador mongol, notavelmente esclarecido, ordenou que todo o conhecimento médico indiano fosse compilado, contribuindo ainda mais para a preservação do Ayurveda.
Durante os séculos XVI e XVII, quando foram abertas as rotas para o Oriente, os europeus, difamam a sabedoria tradicional sugerindo esta ser a causa do “atraso” no desenvolvimento da India. O resultado foi que, após 1835, com a India sobre domínio europeu, somente a medicina ocidental tinha reconhecimento legítimo sendo a cultura e a medicina indianas ativamente desencorajadas e a tradição do ensinamento oral de mestre para discípulo quase perdida.

No início do século XX, com a ascensão do nacionalismo indiano, a arte e a ciência indianas ressurgiram e o Ayurveda voltou a renascer. Atualmente é um dos seis sistemas médicos reconhecidos na India: Ayurveda, alopatia, homeopatia, naturopatia, Unani, Siddha (variedade de Ayurveda praticada ao sul da India) e o seu sucesso no mundo atual é inquestionável.

“O Ayurveda tem origem em tempos imemoriais, a história não tem por isso memória da sua origem pelo que contaremos aqui a parte de que há memória ou/e registos.”

Agora sim partilho o que me apaixonou por este corpo de conhecimento: primeiro, a sua história de quase 5.000 anos de tradição rompendo as barreiras impostas pelo tempo e pelas fronteiras culturais, sobrepondo-se a todas as transformações sociais, políticas e científicas que aconteceram entretanto; em segundo lugar o facto do Ayurveda não só se manter vivo no seu local de origem, mas a forma incrível como sem necessidade de se impor, invadir, descontrair outros sistemas, se expande pelo mundo e se insere naturalmente na vida dos mais diversos países do mundo; e em terceiro lugar, a capacidade evolutiva do Ayurveda e sua humildade de se aceitar “reconhecida” dentro do conceito de ciência e inserida no meio académico moderno, apesar de todos os preconceitos e separatismo de que ainda é alvo por parte da ciência moderna.

[ Lara Lima ]

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