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Maio 2021

YOGUI LIFE – Aprendiz de Yogui

By | YOGUI LIFE

Aprendiz de Yogui

Já se sentiram tão assoberbados com o dia-a-dia que ficaram totalmente agitados, disparando ‘balas’ para todos os cantos e esquinas, só depois reparando onde acertaram?

E quando olham para trás e veem o que fizeram, sentem-se mal porque era completamente desnecessário ter aquela atitude e chega alguém e faz um reparo à situação passada e ficam ainda mais irados e volta a correr mal. E isto continua, neste registo, até que há um ‘iluminado’, sim, porque há sempre um destes à nossa volta, que diz: ‘Devias era fazer uma meditaçãozita, sempre ficavas mais calmo!’ Se já estávamos prestes a partir para a Lua, sem foguetão, tripulação ou fato espacial, nesse momento é: ai! E é aí que percebemos que estamos mesmo mal. Que temos de arranjar uma maneira qualquer de nos despirmos de todo e qualquer papel que desempenhamos e ficarmos só nós. ‘Talvez a meditação possa, de facto, ajudar!’, pensamos. ‘E não deve ser assim tão difícil, há montes de coisas na net sobre o assunto.’ Pois sim….

Eu procurei e encontrei! Agora, tenho de dizer que fácil não é. Até poderia rir se não achasse que era uma situação com potencial de tragédia grega.

Este fim de semana, na continuação da minha busca pelo conhecimento junto dos meus professores, foi dedicado ao desenvolvimento de técnicas que permitem meditar e à meditação.

Sábado à tarde foi-nos dado a conhecer a técnica de Antar Mouna, uma técnica que nos permite afastarmo-nos da nossa mente. Ficar, ou será ser silêncio? Foi-nos pedido que nos deitássemos confortavelmente, que puséssemos uma manta em cima de nós para não sentirmos o frio que se instalaria e eu fiquei maravilhada. ‘Ai, que bom! Relaxamento, é mesmo o que estou a precisar’. A professora começa a indução, oiço atentamente e aí é que são elas! O coração dispara como se estivesse frente a frente com um leão prestes a atacar. O silêncio dentro da minha cabeça é ensurdecedor. Uma autêntica viagem dantesca pelo espaço que é a minha mente. Uma sensação de vou sair do meu corpo, temperada com um ‘Nem penses nisso, Ana Catarina! Tens é que fugir daqui! Foge, foge, foge a toda a velocidade!’ Fez-me lembrar quando tive o meu segundo filho e me virei para a enfermeira, que ficou boquiaberta, e lhe disse: ‘Deixe-me ir embora! Fique cá você a fazer o parto, mas eu tenho de sair daqui!’ E nessa altura, ri de tão patética que era a minha situação. Antes e agora! E deixei-me ficar e absorver o que me estava a ser dado. Apesar dos conflitos internos que o silêncio traz, permiti-me afastar-me um pouco deles, só um pouco, porque estão tão colados a mim que parecem lapas, e ficar em silêncio, usufruindo deste na sua plenitude.

Após este silêncio, fizemos uma meditação com o professor. Desta vez sentada, com a manta em cima de mim, que eu estava gelada da experiência anterior. Consegui, com mais facilidade e acho até que com certo alívio, olhar para os barulhos da minha mente e dizer-lhes: ‘Já sei que estão aí, mas eu não tenho vontade de me juntar a vocês. Fiquem aí, façam a vossa viagem e eu fico só aqui!’ Correu bem melhor. A sensação de ser só eu, de não ir em nenhum dos ‘barcos’ que passavam carregados de listas, situações e pessoas é plena de significado, empoderando-me de mim mesma. No final da nossa aula, sentia-me não só gelada como um calipo, mas calma, capaz e esgotada. Há já muito tempo que não dormia a sesta, mas este sábado aconteceu e, caso não me tivessem acordado para jantar, tinha sido direto até às 5:30 de Domingo. O que é que isto quer dizer? Não sei! Sei que me soube bem! Sei também que vou ouvir a gravação desse sábado e vou fazer de novo. O que irei sentir? Depende, se realmente já me consigo afastar das pessoas que sou no dia a dia.

No domingo… Eu disse que foi o fim de semana dedicado a isto, não disse? Cheguei uns minutos atrasada à aula e não ouvi toda a explicação do que iríamos fazer. Vi os colegas preparados e pensei: ‘Boa, meditação novamente!’ agarrei na mantinha, já aprendi qualquer coisita do dia anterior, sentei-me e vamos lá!

Pelo amor de Deus!!!!! Quem é que consegue ficar quase 1 hora sentada, sem se mexer, ao mesmo tempo que aceita os pensamentos, listas, etc que aparecem, mas não se deixa ir com eles?

Lá estávamos nós, guiados pelo professor, e de repente: ‘Ai, que dor na coluna! Tenho que me ajeitar.’ E no segundo que o faço, oiço do outro lado um calmo ‘Não mexe!’. ‘Ups! Concentra-te! Respira para a dor! Tu consegues!’ mais um bocado e ‘Ai, a minha perna esquerda está a ficar dormente! Só mexê-la um bocadinho para aqui… Ah, muito melhor!’ do outro lado: ‘Não mexe!’. Dói o pescoço, ‘Não mexe!’; Dói a coluna novamente ‘Não mexe!’; Comichão na ponta do nariz ‘Não mexe!’; Dói a unha do dedo grande do pé direito, ‘Não mexe!’; Perna direita fria, dormente, com a sensação de estar o dobro do tamanho. ‘NÃO MEXE!’ Acaba a ‘revisão’ do corpo e eu penso: ‘Pronto, já está! É super difícil, mas já acabou!’ Pois sim… Logo de seguida, o professor diz ‘Visualiza, mentalmente, o topo da cabeça!’ ‘Socorro! Outra vez, não!’. Chega ao fim e volta ao início. Simplesmente, ‘Não mexe’! Ao menos é uma variação do ‘Salta, deita, rebola, pede biscoito’ do dia-a-dia. Às páginas tantas, qual concentração, qual carapuça! Eu já só pensava ‘Não mexe, o raio! Se eu ficar assim muito mais tempo vou cair dura no chão que nem tronco de árvore. Vai saltar-me a perna direita, de certeza! Que neeeervoooos!!!’ Eu já chamava por todos os santos e demónios quando, finalmente, o professor acabou o Vipasana.

Hoje, olhando para todas as experiências do fim de semana pergunto: Porque é que foi tão difícil concentrar-me? Ficar? Só ficar?

Talvez, porque o que nos leva a desistir de tudo o que é difícil é o apercebemo-nos que temos de lidar com os nossos monstros, conhecê-los, dizer-lhes ‘Olá!’ e aprender a gostar deles. Não sei qual é a resposta certa, sei que estou para ficar e só me resta dizer: ‘Obrigada pela oportunidade!’

Ana Rodrigues
Formação Ayurveda Yoga 2021
Método BmQ

AYURVEDA – Você já ouviu falar do Nigella sativa?

By | ALIMENTAÇÃO

Você já ouviu falar do Nigella sativa?

Especiaria com intensa mistura de sabores, lembram as sensações causadas no paladar pela pimenta, alho, cebola e gengibre. Na ciência, é famoso por suas propriedades fisiológicas e farmacológicas, com efeitos no sistema reprodutivo, digestivo, imunológico e nervoso central.

Mas você sabe quais são seus benefícios para a saúde?

Seu nome em sânscrito é Kalonji, em inglês é Small Fennel e em português é conhecido como Cominho Preto.

Encontrado no Sul e Sudoeste da Ásia, na Europa Central, na Espanha e em Portugal. 

O cominho preto é muito utilizado na medicina e na nutrição Ayurveda por seu potencial terapêutico, justamente por fortalecer a imunidade e combater os radicais livres e também como uma alternativa natural aos remédios anti-inflamatórios. O tempero vem sendo bastante desbravado e estudado, pois seus benefícios são inúmeros: essa semente ajuda a combater os radicais livres nocivos, por ser rica em antioxidantes, e pode apresentar um papel importante no combate a doenças como o cancro.

Gunas (atributos): Ruksha (seco) e Laghu (leve)

Rasa (sabores): Tikta (amargo) e Katu (picante)

Virya (potência): Ushna (quente)

Vipaka (após digestão): Katu (picante)

Efeitos nos doshas: pacifica Vata e Kapha e agrava Pitta

Benefícios

  • Rochana: melhora o paladar;
  • Deepana: melhora a força da digestão;
  • Vatahara: equilibra as desordens neurológicas de Vata (paralisia, hemiplegia, neuropatia, etc);
  • Daurgandhyanashana: melhora o mau hálito e os maus odores;
  • Pravartati Artavam: útil na amenorréia;
  • Medhya: tónico para o cérebro;
  • Jwaraghna: útil para a febre;
  • Vrushya: afrodisíaco;
  • Chakshushya: melhora a visão;
  • Adhmanahara: alivia o inchaço;
  • Atisarahara: bom para a diarréia, disenteria;
  • Jantughni: eficaz na infestação de vermes intestinais;
  • Broncodilatador: promove a dilatação dos brônquios;
  • Anti-inflamatório;
  • Antinociceptivo: anula ou reduz a percepção e transmissão de estímulos que causam dor;
  • Anti-diabético: auxilia na prevenção do diabetes;
  • Hepatoprotetor: protege a integridade do fígado de eventuais substâncias tóxicas;
  • Hipolipidêmico: usados no tratamento dos distúrbios no níveis de gorduras no sangue, principalmente no controle do colesterol;
  • Redutor de fadiga.

Em remédios populares, o cominho preto é usado no tratamento da asma, diarréia e elevados níveis de colesterol. É bom para o fígado, é um bom antiinflamatório, analgésico, no alívio das dores, febre e inflamações, dores de cabeça, de dentes e conjuntivites. 

Receitas caseiras

  • Para reduzir a gordura abdominal: misturar 1 colher de chá de cominho preto e 1 colher de chá de mel; comer esta pasta e, a seguir, tomar um copo d’água após o jantar, entre 2 a 3 meses.
  • Pode ser usado em formato chá: ferver 200ml de água e adicionar 1 colher de chá rasa de cominho preto moído; deixar em infusão durante 5 minutos e depois acrescentar 1 colher de chá de mel. A bebida pode ser tomada quente ou fria.
  • Para dor de dente: mastigar as sementes entre 3 a 5 minutos.
  • Para o crescimento do cabelo: misturar o pó da semente do cominho preto ao suco de cenoura, formando uma pasta. Aplicar no couro cabeludo.

Contra-indicações

  • Pessoas Pitta devem ter muita cautela no consumo do cominho preto, pela queimação no trato digestivo.
  • Pessoas com gastrite ou estômago sensível devem evitar o consumo.
  • Evitar durante a gravidez.
  • Crianças e mães lactantes devem limitar o consumo.

Precauções

  • Dose máxima diária recomendada: 3g/dia.
  • Para saber a dose recomendada e a forma de uso mais eficaz para você, consulte um profissional de Ayurveda.

Estudo randomizado
 Eficácia do mel e do Nigella sativa contra COVID-19: Experimentação de HNS-COVID-PK. 

https://www.news-medical.net/news/20201108/24318/Portuguese.aspx 

 

Mônica Teles Lloyd

PALAVRAS SENTIDAS – Todo o ser tem um rasto de nevoeiro debaixo dos pés.

By | PALAVRAS SENTIDAS

Todo o medo começa com uma espinha presa à coluna.

Todo o ser tem um rasto de nevoeiro debaixo dos pés.

Todo o santo dia penso – Talvez eu merecesse tal despautério.

Talvez eu tivesse desejado o caminho que me levou até aqui.

De vendas nas vendas dos sonhos muito se perde e muito se encontra
caso a procura da cura prevaleça no fundo dos dias e ao fundo dos pés.

Trata-se de um processo de ressurreição, este de forrar a respiração
com a divina sublimação do instinto ancestral sem tempo.

Na fissura das memórias de sustos e medos perguntei por mim.

E no momento do desgrenhar os cinco sentidos
o nada se preencheu do tudo que sempre foi.

Cláudia Afonso
Terapeuta Ayurveda na nossa Escola. Com uma entrega e dedicação enormes à Lara enquanto sua professora e ao BmQ. Uma especialista em ‘cozinhar’ óleos medicados.
Um ser com uma enorme sensibilidade para as artes da dança com o corpo e com as palavras. A Cláudia vai-nos presentear com palavras soltas numa dança poética que partem de um tema no âmbito da proposta para o nosso dia-a-dia desta medicina milenar – Ayurveda, a ciência da Vida!

AYURVEDA – Os incríveis benefícios do Cominho para a nossa Saúde

By | ALIMENTAÇÃO

Os incríveis benefícios do cominho para a nossa saúde

A popularidade do cominho é conhecida desde os tempos mais remotos, quando a especiaria foi encontrada no mausoléu dos Faraós do Antigo Egito e se estendeu até ao Novo Testamento, onde Cristo evoca a menta, o funcho e o cominho no livro de Mateus. Reinava entre os gregos e romanos para temperar variados pratos, pelo seu sabor picante, que substituía a pimenta do reino, raramente encontrada na época.

O cominho foi, por muitos anos, utilizado como símbolo do amor em casamentos e era levado com os guerreiros para a batalha, como presente da esposa, simbolizando a união entre o casal.

Curiosidades à parte, o cominho está presente no nosso dia-a-dia, difundido na culinária tradicional e nas alternativas mais saudáveis. Em sânscrito, seu nome é Jeeraka, derivado de Jeerna, que significa “digestão”. É, portanto, muito benéfico para os distúrbios do trato digestivo. Mas você saberia dizer os demais benefícios do cominho?

FICHA TÉCNICA

Nome Botânico
Cuminum cyminum



Família
Apiaceae

Classe
Magnoliopsida (angiosperma)

Ordem
Apiales, que também inclui a salsa, a cenoura, o aipo e a erva doce

Origem
Mediterrâneo Oriental e Egito. Hoje cultivado na África do Sul, Oriente Médio, Índia e México. 

Classificação clássica
Charaka Samhita – Shoolaprashamana ou ervas que aliviam as dores abdominais.
Sushruta and Vagbhata – ervas do grupo Pippalyadi, absorventes de muco intestinal e da linfa não assimilada.

Propriedades
O Thymol, um dos princípios ativos, promove a produção da saliva, bile e outras enzimas responsáveis pela digestão. O composto aromático culminaldeído ajuda à indução da secreção do suco digestivo somente pelo seu aroma.

O cominho é excelente fonte de Ferro. Uma colher cheia auxilia na redução da gordura corporal. Portanto, útil no tratamento para perda de peso. O cominho é um agente anticongestivo e um bom expectorante, devido ao seu rico óleo essencial. Por isso, eficaz para a tosse, resfriado e bronquite. 

Os cominhos contêm riboflavina, vitamina B6 e niacina, úteis para melhorar as funções cognitivas do cérebro. Contêm também Vitamina E, que melhora o tom e a textura da pele.

Pesquisa
Realizada pelo Laboratório de Pesquisa do Câncer, na Carolina do Sul, EUA, descobriu-se que o cominho pode ajudar a combater o câncer devido ao cuminaldeído, que demonstrou retardar o crescimento dos tumores. Tem também características que aceleram a produção de enzimas anticarcinogénicas e desintoxicantes, que podem ajudar na prevenção do câncer de cólon.

Benefícios

  • Melhora a percepção dos sabores
  • Estimula o Agni (fogo digestivo)
  • Promove a digestão
  • Melhora o intelecto
  • Auxilia no tratamento do vômito, 
  • Diarréia, 
  • Cólicas,
  • Gases,
  • Vermes intestinais 
  • Problemas dentários
  • Febre e
  • Problemas de pele
  • Alivia o stress,
  • Insónia,
  • Anemia
  • Doenças renais e estomacais
  • É antimicrobiano,
  • Calmante,
  • Antiespasmódico,
  • Antisséptico 
  • Galactagogo 
  • Afrodisíaco natural
  • Melhora a imunidade e a
  • Visão

O Cominho e os Doshas

  • Vata: os cominhos devem ser fritos em óleo de sésamo e só depois usados.
  • Pitta: fritar os cominhos no ghee ou óleo de côco, sendo este aconselhável por ser refrescante e nutritivo, acalmando, assim, o atributo quente do cominho e do dosha.
  • Kapha: o cominho diminui naturalmente Kapha dosha. Por isso, podem ser prontamente consumidos. Se quiser realçar o sabor do cominho, pode adicionar mel.

 

Remédios caseiros

  • Cominho em pó e coentro é uma boa combinação para melhorar a digestão das pessoas com sensibilidade no estômago, que não conseguem tolerar especiarias fortes como o gengibre ou a pimenta preta.

Como fazer: misturar em partes iguais, colocar 1 colher de chá da mistura num copo d’água e deixar durante a noite. Na manhã seguinte, coar e tomar em jejum.

Para cólicas abdominais e disenteria: torrar as sementes de cominhos e fazer pó. Adicionar a mesma quantidade de funcho. Tome meia colher de chá da mistura com água morna, 2x/dia.

Para aumentar o fluxo de leite em mães lactantes: Com uma colher de chá de ghee, frite as sementes de cominho até ficarem no tom castanho escuro. Adicione açúcar mascavado e faça uma pasta. Tome uma colher de chá, com leite, 2x/dia.

 

  Você sabe o que é Nigella? Fique atento ao próximo artigo na rubrica Mônica Lloyd aqui no Blog BmQ. Até lá! 

 

Mônica Teles Lloyd