Ser Terapeuta
Estamos sempre a reclamar da falta de oportunidade de nos cuidarmos sem nos apercebermos de que o problema não está na falta de oportunidades mas na fraca motivação para as agarrarmos.
Seremos nós fracos? Não creio. Acho que somos apenas desonestos e não assumimos que na verdade perdemos oportunidades de nos cuidar por preguiça de mudar. É que mudar obriga a movimento. Movimento obriga a energia e energia já não a temos. Gastamos a energia como ratos de laboratório a correrem numa roda em direção a nada.
É duro mudar, mas é mais duro encerrar ciclos principalmente um que nos fizeram acreditar que era o certo desde muito pequenos.
Encerrar ciclos, colocar um fim, permitir a morte. Este é um grande desafio para a maioria de nós tão identificados com nosso passado, com nossa história, com o que fomos, realizamos e construímos um dia.
Não há nada de “errado” em não assumir a responsabilidade. Porém, há consequências. Para não assumir a responsabilidade, temos que negar a responsabilidade, ou seja, transporta-la para outro ou alguém nos gerando uma crença bastante limitadora de sermos vítimas na nossa própria vítima, da nossa vida ou de outros que estão ou não na nossa vida. Ou seja, quando nos desresponsabilizamos acabamos por aniquilar a oportunidade de viver, agir, na nossa vida e passamos apenas parasita-la. Isto não torna mais fácil a vida. Apenas muda a ilusão que alimenta a resistência em Viver.
Ao não nos responsabilizarmos pela nossa vida iremos responsabilizar outro, mas como responsabilizar é dar poder então preferimos culpar porque culpar é atribuição da responsabilidade daquilo que não gostamos, daquilo que não aceitamos, do lado sombra que não queremos ver ou assumir. Culpar a outros (ou a vida em si) é uma forma prática a e rápida de camuflar a frustração da experiência, e reforçar a atitude de medo, ressentimento e auto-piedade. Além disso, quando fazemos dos outros (ou da vida em si) a causa da experiência, assumimos a posição de vítima, que valida o sofrimento e a frustração e nos volta a desresponsabilizar perante o outro.
Quando negamos a responsabilidade pela vida, escolhemos permanecer paralisados numa lama que impede a vivacidade espontânea de agir, com medo de nos enterrarmos ou sujarmos. Assumir a responsabilidade pela nossa vida não impede a queda ou a sujeira mas faz crescer uma consciência a respeito de como as coisas são e a respeito do nosso comprometimento em transformar a nossa experiência de ser humano.
No entanto, deixar o velho para trás, é uma condição fundamental para que o novo possa nascer em nós. Um novo olhar, um novo modo de pensar e sentir, uma nova forma de estar no mundo, de viver a Vida, mais condizente com aquilo que agora somos e ainda ansiamos nos tornar.
Quem quer a mudança precisa querer mudar.
Começar a caminhar no sentido da mudança é uma responsabilidade pessoal.
Mas se é verdade que a responsabilidade é tua, também é verdade que não o precisas fazer sozinho. Enfrentar um caminho desafiante, às escuras e sozinho assusta a maior parte das pessoas. A mim assustou, assusta mas começo a perceber que assusta cada vez menos. Talvez esteja mais crescida, afinal mais de duas décadas com os meus Professores têm os seus resultados. É um investimento temporal, pessoal e financeiro que não choro. É um investimento que aplaudo, que mantenho e que vejo efectivamente como um investimento real. Sinto-me mais segura neste investimento do que em seguros de saúde e contas poupança e pelos vistos tem corrido bem.
Quando me perguntam o que é ser terapeuta ou o que se pode fazer com o curso de terapeuta é isto que respondo:
Ser Terapeuta é aprender a não fazer nada, é aprender a escutar o ser em todas as suas expressões.
E isto não é um trabalho para qualquer um mas para todos que verdadeiramente estejam interessados perceber o Mundo. Ser terapeuta é como ser uma criança perante um enigma. Ter vontade de o compreender e resolver sem estar preocupado com o tempo que isso demora e sem se deixar vender por algo que não interessa nada. Ser terapeuta é tentar viver uma vida incorruptível. Simples assim.
O mal é que as pessoas confundem o simples com o fácil. A assertividade com a agressão. O rigor com a opressão. O paciente com o cliente.
Existem terapeutas que descrevem o seu trabalho com um nome. Assim como existem pessoas que delimitam os seus terrenos com muros altos esquecendo que isso é apenas limitarem o espaço, ou seja, construírem os muros das suas próprias prisões.
Para mim terapia é um acto de dar e receber. Um momento mágico em que dois seres se encontram em benefício comum. Sim, comum porque é muito bom dar. Durante um momento exige na vida daqueles dois seres um estado de tranquilidade e partilha que por vezes vai de um estado reflexivo a um verdadeiro estado meditativo.
Após uma única sessão, é fácil perceber que algo mudou. A memória aclara, a concentração aumenta, a agitação da mente reduz, a ansiedade atenua e o corpo relaxa.
Todo o sistema é revitalizado. Dá-se uma verdadeira purificação e rejuvenescimento do corpo e mente.
Isso é terapia, pelo menos aos meus olhos.
Procurar um terapeuta é procurar um matrimónio funcional. Não é fácil mas vale a pena. Um terapeuta é aquele que está ao ao teu lado não como uma muleta, não como a solução, não como o que te diz o que fazer mas aquele que te faz sentir amado e amparado o tempo todo!
Nós terapeutas estamos aqui contigo.
Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Professora Sénior de Yoga