QUAL O MELHOR MÉTODO DE ENSINO DE YOGA?
A PARTILHA DE UMA EXPERIÊNCIA QUE TE PREPARA PARA VIVER DE FORMA CONSCIENTE
É cada vez mais frequente, em ginásios e escolas de Yoga, haver uma oferta diversificada de aulas de diferentes métodos de ensino de Yoga que são erradamente confundidas com diferentes tipos de Yoga.
Importa esclarecer que apesar de existirem diferentes tipos de Yoga, no Bhagavad Gita (excerto do grande épico indiano Mahabharata, considerado o texto de origem do Yoga) são apenas considerados três: Karma Yoga, Bhakti Yoga, Gnana Yoga. Estes três tipos de Yoga são diferentes caminhos para um mesmo fim.
No Ocidente quando falamos de Yoga falamos de Karma/Hatha Yoga, o Yoga da acção. Todos os “Yogas” que vês no horário da escola/ginásio que frequentas são na verdade o mesmo tipo de Yoga, Hatha Yoga. Os diferentes nomes devem-se aos diferentes métodos de diferentes escolas que por estarem sistematizadas já têm um nome próprio que as identificam.
O texto que se segue não pretende ser uma lição ou uma verdade absoluta sobre o que se passa no Mundo do Yoga apenas a partilha, numa linguagem simples e directa, do que transmitimos na Escola BmQ.
A motivação para escrever esta crónica vem da pergunta genuína de quem nos procura e quer fazer uma escolha consciente do método mais do que o horário. Quando procuras o BmQ para a prática de Yoga fazemos sempre uma entrevista inicial que nos ajude e te ajude a encontrar o método mais adequado para ti uma vez que o propósito de qualquer método é uma prática que crie, aos poucos, uma sincronização entre a respiração e o movimento numa ponte que conecta a prática do dia de hoje com o dia de amanhã, com o próximo ano e até com a próxima vida.
Quando trabalhamos desta forma permitimos ao interessado recuperar o poder de tomada de decisão consciente libertando-o do condicionamento de viver em rebanho ou sob a decisão de alguém exterior à sua vida.
A maior parte dos métodos existentes na actualidade descendem dos ensinamentos de Krishnamacharya. Tirumalai Krishnamacharya nasceu em 18 de novembro de 1888 em Mysore, sul da Índia, numa família que tem raízes no famoso sábio indiano do século nove Nathamuni, autor do Yogarahasya e o primeiro professor da linhagem de Gurus Vaishnavas. Krishnamacharya estudou Ayurveda, o sistema médico tradicional indiano, e a filosofia Nyáya, uma escola védica de lógica. Talvez por isso Krishnamacharya nunca viu o Yoga simplesmente como uma prática física e sempre ensinou que o Yoga deve ser adaptado e praticado de acordo com as necessidades, capacidade e aspirações de cada estudante. Segundo ele, os princípios fundamentais do Hatha Yoga estão na prática de Vinyasa Krama (estágios), em que os ásanas são unidos de forma sequencial, intercalados repetitivamente, na passagem de uma postura a outra.
Desta linhagem os métodos mais propagados na actualidade são os criados por 2 dos seus 5 principais alunos directos: (1) Sri K. Pattabhi Jois que desenvolveu o métodos de Asthanga Vinyasa Yoga, (2) B.K.S Iyengar que desenvolveu o método de alinhamento Iyengar. A grande diferença destes dois métodos é a dinâmica. O métodos desenvolvido por Pattabhi Dois é mais dinâmico e desafiante a nível aeróbio e o método desenvolvido por Iyengar mais desafiante a nível de estabilidade, permanência. A partir destes dois métodos muitos outros foram desenvolvidos porém não tão estruturados.
Uma das grandes diferenças entre estes dois métodos, Iyengar e Ashtanga, é que: o Ashtanga possui 6 séries fixas de ásanas (“family seven serie”) que vão sendo exploradas à medida que o aluno evolui no sentido de se tornarem cada vez mais voltadas para aspectos subtis do corpo. Já em Iyengar, não há séries fixas e cada professor é livre para criar as suas próprias séries, de acordo com as idiossincrasias e objectivos específicos de cada praticante, obrigando os princípios de alinhamento e kramas (estágios) de evolução de cada postura que norteiam toda a prática no contexto de integrar cada postura em consciência e presença.
Outro diferencial são os props (cintos, blocos, cordas de parede, pesos, entre outros) usados tanto para facilitar a vida dos iniciantes quanto para exigir mais precisão dos veteranos. Desta forma, mesmo que o Iyengar ofereça a liberdade para criar sequências, as mesmas não podem ser construídas de maneira aleatória, e precisam fundamentalmente, levar a um lugar de iluminação da consciência, que é Yoga. E isso, exige um estudo cuidadoso do professor de Vinyasa.
Em comum estes métodos defendem a necessidade de cultivar uma respiração consciente para executar os ásanas, como também, a consciência de seguir de uma ação para outra e o propósito da prática é o mesmo: criar a integração corpo/mente/espírito que leva ao estado de presença e ao autoconhecimento.Pranayama, quando o yoga é citado a partir da perspectiva terapêutica e da condução de Prana que falamos.
O foco principal destas práticas é o encontro do equilíbrio da energia vital – prana, a conexão com a consciência do movimento interno e externo e trabalho bastante espiritual e energético. As práticas são muito fundadas na respiração e posturas relacionadas a ela, a prática é mais introspectiva com foco em trabalhar os estados de consciência, meditação e mente.
Um “método” muito conhecido é Hatha Yoga. Em sânscrito, ha- significa “sol” e -tha significa “lua”. Quando falamos de aulas de Hatha Yoga estamos na verdade a falar de uma prática que procura através dos asanas (posturas de Yoga) aprofundar a conexão entre o corpo e a mente criando um equilíbrio que gera uma sensação de paz e serenidade por meio de pranayamas (exercícios respiratórios) e asanas (posturas). Apesar de grande parte das pessoas considerarem estas aulas ideais para iniciantes, grávidas, idosos, convalescente ou para quem está parado há muito tempo por serem aulas que seguem um ritmo supertranquilo, com movimentos realizados num tempo maior e com pausas entre um e outro, acredito que estas aulas são ideais para quem tem apenas o fim de dia para dedicar à prática pois o carácter livre da aula obriga a problemas e compromissos ficarem do lado de fora da sala.
A principal diferença em relação: (1) ao Ashtanga é o reduzido número de posições e maior suavidade nas transições, (2) ao Iyengar, é a menor exigência no alinhamento e tempo de permanência.
Para além destes métodos de ensino existentes no BmQ existem muitos outros. A verdade é que o yoga é um guarda-chuva que abriga várias práticas, um pouco diferentes entre sim, mas que partem do mesmo ponto. Algumas são mais agitadas, outras um pouco mais leves. Algumas dão mais foco na postura e outras levam bastante em conta os mantras e a introspecção. Nenhuma é melhor ou pior que outra, são apenas diferentes, os caminhos são inúmeros e isso dá-te uma liberdade incrível de poder optar por aquele que mais atende a tua busca, no final a grande diferença será o que o Yoga vai revelar sobre ti mesmo.
A minha sugestão é que comeces a praticar numa escola de Yoga que já tenhas alguma referência, com professores profissionais que possam te transmitir a segurança, esclarecimento e abertura necessários à aprendizagem para que então possas escolher o métodos que mais se adequa ao teu estilo para puderes progredir em direção a um propósito que é comum a todos os praticantes: uma vida mais consciente.
A prática de Yoga é em qualquer método uma conexão, uma abordagem para uma forma mais consciente e integrada de viver a experiência do corpo físico, da mente, dos sentidos e das emoções com o relacionamento com o outro e o contexto. Qualquer prática deve lentamente, dia a dia, prática a prática, despertar a consciência para esta relação e para o sistema de comunicação vigente – a respiração.
Na Escola BmQ acreditamos na prática como um mergulho profundo nas dimensões internas da mente e da consciência.
Para podermos dar este mergulho, precisamos de três coisas:
- Método certo
- Instruções certas
- Compreensão certa.
É aqui que entra o BmQ.