fbpx
All Posts By

Método BmQ

PALAVRAS SENTIDAS – Toda a colheita é troca e emoção

By | PALAVRAS SENTIDAS

Toda a colheita é um mar sem fim.
Um pé nascido da areia.
Pedaços de mim.
Que toda a aurora pulsa e encandeia.

Todo o cedo pressente
o ondular do tempo a florir.
A vocação de ser presente
da tarde passada a rir.

O regresso à chávena de café
presa na mesa da praça a ver-me
no infindo todo que toda a gente é.
Diante da vida ei-de, por vezes, conhecer-me.

Solúvel é o instinto do vento
a lavar o tapete debaixo da inquietação
tingida de voz e talento.
Toda a colheita é troca e emoção.

Cláudia Afonso
Terapeuta Ayurveda na nossa Escola. Com uma entrega e dedicação enormes à Lara enquanto sua professora e ao BmQ. Uma especialista em ‘cozinhar’ óleos medicados.
Um ser com uma enorme sensibilidade para as artes da dança com o corpo e com as palavras. A Cláudia presenteia-nos com palavras soltas numa dança poética que partem de um tema no âmbito da proposta para o nosso dia-a-dia desta medicina milenar – Ayurveda, a ciência da Vida!

AYURVEDA – Já ouviu falar em Rudraksha?

By | YOGUI LIFE

Você já ouviu falar em Rudraksha?

Rudraksha ou rudrākṣa, em sânscrito: (rudra (रुद्रः) = Lord Shiva + ākṣa = olhos) nome  dado tanto a árvore como também a seus pequenos frutos e sementes, sendo estas muito prezadas por suas propriedades sagradas (Sri) e curativas, de acordo com o Ayurveda.

Em inglês, é conhecida como Ultrasum Bead Tree ou Wooden Begger Bead.

Rudraksha
Sementes oriundas da árvore da espécie ELAEOCARPUS GANITRUS, encontrada desde a planície gangética no sopé do Himalaya até a China, sul e sudeste da Ásia, Austrália, Guam e Havaí. Na Índia, é encontrada principalmente em West Bengal, Madhya Pradesh, Mahashtra, Orissa, Andhra Pradesh e Western Ghats. 

Suas sementes são consideradas como verdadeiras jóias nos Vedas, Puranas e nos Upanishads. Muito utilizadas nos japamalas para meditação, por suas propriedades medicinais, bem como por estarem associadas à figura mitológica de Lord Shiva, um dos avatares da filosofia hindu.

A tradição hindu conta, e conforme mencionado no Shiva Purana, Lord Shiva ficou em meditação por 1000 anos com os olhos semi serrados, até que seus olhos, finalmente, cederam e a primeira lágrima que caiu no terreno tornou-se uma Rudraksha. Por isso, é muito comum Lord Shiva ser representado usando um japamala de rudraksha.

No sistema tradicional de medicina, diferentes partes (contas, casca, folhas e casca externa das contas) de Rudraksha são tomadas para o alívio de vários problemas de saúde, como distúrbios mentais, dor de cabeça, febre, doenças de pele e para curar as feridas.

Textos Ayurvédicos categorizam a Rudraksha como termogénica, sedativa, aliviadora da tosse e úteis para o tratamento de bronquite, neuralgia, cefaléia, anorexia, enxaqueca, estados maníacos e outros distúrbios cerebrais. É empregada na medicina popular como anti-stress, para a ansiedade, depressão, palpitações, dores nos nervos, epilepsia, falta de concentração, asma, hipertensão, artrite e doenças hepáticas. Além disso, exibe funções farmacológicas múltiplas como a antiinflamatória, analgésica, hipoglicémica, antiulcerogénica e antimicrobiana. Descobriu-se que fitoesteróis, gorduras, alcalóides, flavonóides, carboidratos, proteínas e taninos são os grandes responsáveis ​​pelo potencial terapêutico do E. ganitrus (Rudraksha). O extrato aquoso das folhas também contém glicosídeos. O extrato etanólico das folhas contém ácido gálico, ácido elágico e quercetina. Esta revisão fornece uma base científica para propriedades farmacológicas / medicinais e usos terapêuticos de Elaeocarpus ganitrus.

Cada Rudraksha tem linhas divisórias que vão do topo da semente até o fundo, com fendas igualmente espaçadas chamadas Mukhi (face) na superfície das contas. 

De acordo com o número de mukhis (faces), o tipo de conta Rudraksha varia de uma única face a várias faces (até 21 faces). Rudrakshas podem ser usadas por qualquer pessoa, como um colar de contas simples, como um colar de contas chamado mala ou como pulseira. 

Tipos de Rudraksha

Com base no número de Mukhis (fendas ou sulcos) presentes na superfície das contas de Rudraksha, existem diferentes tipos. Cada um confere efeitos terapêuticos específicos:

  1. mukhi – usada no tratamento da ansiedade, problemas cardíacos, problemas oculares, tuberculose, paralisia, dores nos ossos. Ilumina a superconsciência e melhora a concentração
  2. mukhi – usada na asma crônica, insuficiência renal, impotência, estresse, ansiedade, depressão, problemas oculares, pensamento negativo, transtorno mental, falta de concentração, histeria, distúrbio intestinal. Abençoa o usuário como sentido de UNIDADE
  3. mukhi – usada para a depressão, esquizofrenia, icterícia, deficiência mental, febre ou fraqueza, estresse menstrual, alterações de humor
  4. mukhi – melhora a circulação sanguínea, trata a asma, a perda de memória, tosse, problemas respiratórios, distúrbios mentais. Ao usar a rudraksha de 4 mukhis, confere o poder da criatividade, melhora a memória e a inteligência
  5. mukhi – usada para melhorar a pressão arterial, diabetes, hemorróidas, estresse, desprazer, deficiência mental, neurose, problemas cardíacos
  6. mukhi – usada em problemas ginecológicos, epilepsia. Defende do trauma emocional de tristezas prolixas, transmite sabedoria, aprendizado e conhecimento
  7. mukhi – trata asma, impotência, faringite, confusão respiratória, doenças relacionadas com os pés, dores e incômodos. Benéfica também para aqueles que sofrem de problemas financeiros e mentais
  8. mukhi – usadas em dores de estômago, doenças de pele, estresse, ansiedade. Ajuda a enfrentar obstáculos e ajuda a ter sucesso nos empreendimentos
  9. mukhi – trata doenças estranhas e, ao usá-la fisicamente, concede muita energia, dinamismo e destemor;
  10. mukhi – remove a insegurança mental, desequilíbrio hormonal e tosse convulsiva. Atua como um escudo para corpo, repelindo o mal
  11. mukhi – alivia dores no corpo, dores nas costas, ajuda a recuperar do alcoolismo crônico e doenças hepáticas. Usando em seu corpo, confere sabedoria, julgamento correto, destemor e sucesso
  12. mukhi – usada em doenças ósseas, osteoporose, raquitismo, deficiência mental, ansiedade. Os usuários ganham a força do sol para governar e se mover continuamente com brilhante radiância. Aumenta a autoestima e a motivação
  13. mukhi – usada nas distrofias musculares, confere honra e satisfaz todos os desejos terrenos
  14. mukhi – estimula o sexto sentido, facilitando ao usuário predição do seu futuro
  15. mukhi – usada em doenças de pele, aborto espontâneo recorrente
  16. mukhi – cura lepra, tuberculose, doenças pulmonares
  17. mukhi – melhor usada em lapsos de memória, distúrbios funcionais do corpo
  18. mukhi – desequilíbrio mental
  19. mukhi – alivia distúrbios do sangue, medula espinhal
  20. mukhi – anula o problema de visão e picadas de cobra
  21. mukhi – erradica todas as formas de doenças.

Gauri Shankar Rudraksha

Duas contas de Rudraksha naturalmente unidas. É considerada a forma unificada de Lord Shiva e Maa Parvati. Aqueles que o usam alcançam o prazer de uma vida conjugal feliz.

A natural Gauri Shankar Rudraksha junta o marido e a esposa em um vínculo forte. É considerada a melhor conta Rudraksha para trazer felicidade à vida de um casal.

Gauri Shankar Rudraksha é a forma unificada das energias masculina e feminina, por isso é considerada uma conta muito poderosa e muito rara. O Gauri Shankar Rudraksha também é benéfica para a meditação diária (Dhyaan) e para alcançar a paz espiritual. As bênçãos combinadas do Senhor Mahadeva (Shiva) e Maa Shakti (Deusa Parvati) são derramadas sobre o usuário de Gauri Shankar Rudraksha e, portanto, ele pode levar uma vida mais feliz, saudável e rica.

Símbolo de: Deusa Parvati e Lord Shiva

Deus Governante: Maa Parvati (Gauri) e Lord Shiva (Shankar)

Dia de uso: segunda-feira, preferencialmente, podendo ser usada em qualquer outro dia.

Mantras: “Om Gauri Shankaraye Namah”

“Om Namah Shivaya”

Benefícios de Gauri Shankar Rudraksha

  • Promove a unidade familiar, harmonia e paz
  • Traz riqueza abundante para o usuário
  • Melhora a concentração e as habilidades de tomada de decisão
  • Ajuda a alcançar autoconfiança e sabedoria
  • Para uma vida conjugal feliz
  • Ajuda a melhorar o conhecimento
  • Melhora as relações familiares e entre amigos
  • Reduz a dor, o sofrimento e outros obstáculos
  • Influencia todas as esferas da vida do usuário para uma direção positiva
  • Útil para mulheres que enfrentam qualquer tipo de problema de gravidez


Propriedades medicinais

Sabor (Rasa): ácido
Virya (Potência): ushna (quente)
Karma (Ação):
Rushya – melhora o sabor
Shiroarthi shamana – alivia a dor de cabeça
Bhutagraha vinashanam – afasta espíritos malignos
Efeito nos Doshas – equilibra Vata e Kapha Doshas

Cada Rudraksha age como um gerador de bioenergia, cobrindo o campo energético do portador, chakras, energia kundalini e os 108 centros nervosos sensíveis no cérebro humano.

Medicinalmente, as Rudrakshas são conhecidas por curar muitas das doenças da mente e do corpo: reduzir a doença cardíaca e baixar a pressão arterial, aumentar a clareza mental, memória e consciência geral, acalmar o sistema nervoso central, livrar de pensamentos negativos, aumentar a imunidade, energia e resistência e rejuvenescer toda a mente e corpo.

Cada Rudraksha age como um gerador de bioenergia, cobrindo o campo energético do portador, chakras, energia kundalini e os 108 centros nervosos sensíveis no cérebro humano.

Pesquisas científicas extensas foram conduzidas ao longo dos anos por cientistas principais em universidades da Índia, e também no oeste, onde suas descobertas provaram que as contas da Rudraksha têm certas propriedades elétricas e magnéticas e que, quando usadas contra a pele, especialmente sobre o coração, agem em nossa rede neural de várias maneiras benéficas, podendo equilibrar o campo magnético do coração, controlar a taxa de pulso, melhorar a circulação sanguínea e purificar o sangue. Quando usamos Rudrakshas estamos, literalmente, carregando oxigênio, carbono e hidrogênio contra nossos corpos enquanto absorvemos a vibração desses organismos vivos puros.

As Rudrakshas também aumentam os níveis de íons negativos e agem diretamente em nosso sistema nervoso central, liberando substâncias químicas em nossos corpos que são responsáveis por emoções positivas e uma mente calma.

Mas, afinal, o que são íons negativos e para que servem?

É provável que a maioria das pessoas não saiba, mas os íons negativos são pequenas partículas que existem na natureza.

Os íons negativos são muito úteis ao corpo humano, pois facilitam às células a absorção do oxigênio. Infelizmente, com os ambientes que frequentamos, a quantidade de íons negativos diminui muito.

Outra questão interessante sobre os íons negativos é sua relação com nossa alimentação.
É bem conhecido que o consumo de alimentos mais alcalinos, frutas e vegetais são benéficos à saúde humana. A predominância de PH ácido no corpo, por outro lado, faz com que o corpo frágil fique susceptível a doenças.

A acidificação do sangue, que é causada pela perda de elétrons, pode ser evitada através dos íons negativos, que contém uma abundante quantidade de elétrons que, por conseguinte, melhoram a imunidade do corpo e resistência às doenças.

Os íons negativos são benéficos para o corpo humano de quatro maneiras principais:

  • Ajudam a fortalecer as funções dos nervos autônomos
  • Reforçam o colágeno
  • Melhoram a permeabilidade da célula (membranas plasmáticas), melhorando o metabolismo
  • Fortalecem o nosso sistema imunológico.

Fatores naturais que influenciam a concentração de íons negativos no ar:

  • O ar é ionizado naturalmente de maneira contínua.
  • Os íons negativos formam-se sob a influência de causas naturais, a radioatividade natural do solo, a fotossíntese das plantas, os raios cósmicos e ultravioletas do sol, as tempestades e os raios, a chama de uma vela ou de uma lareira, o impacto da água em movimento (chuva, chuveiro, mar, fonte), o atrito do ar nas plantas pontudas.
    Têm-se a sensação de respirar melhor ao pé de uma cachoeira, depois de uma tempestade, na montanha, à beira-mar, na floresta, ao sol, pela riqueza do ar em íons negativos.

Diversos fatores artificiais também diminuem a concentração de íons negativos no ar:

  • poluição, ar confinado (residência, carro, escola, escritório, transportes coletivos),
  • ar condicionado,
  • proximidade de um aparelho elétrico (aquecedor, televisão, computador, forno de micro-ondas),
  • tecidos sintéticos (carpetes e roupas sintéticas),
  • fumaças industriais,
  • gás de escapamento dos carros,
  • poeira,
  • tabaco,
  • aquecimento elétrico e até o ar que expelimos dos nossos pulmões.

É por isso que nesses locais e condições podemos sentir:

  • fraqueza,
  • cansaço,
  • irritabilidade,
  • dor de cabeça,
  • insónia e vertigem.

Pesquisas científicas provam que os íons negativos em um ambiente têm diversos efeitos positivos sobre o sistema imunológico e o sistema nervoso, como alívio de dores e doenças (alérgicas, pulmonares, etc), produzem efeitos favoráveis sobre o humor das pessoas e fortalecem as membranas celulares, tornando-as mais resistentes às doenças, além de prolongar em 30% a 50% a vida das células.

Por muito tempo, tem sido observado que pessoas que sofrem de hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, problemas de estômago, estresse, artrite e fobias obtêm resultados benéficos usando Rudraksha como coadjuvante. 

Provou-se que o uso da Rudraksha tem efeitos positivos em pessoas com pressão alta e controle do estresse, ansiedade, depressão e palpitações. Mentalmente, ela dá tranquilidade, poder de concentração e ajuda a atingir serenidade na mente.

Incrível, não é mesmo? Como o uso da Rudrashka pode trazer tantos benefícios!

 Remédios caseiros:

  • Para a varíola, contas de rudraksha em quantidades iguais com pimenta-do-reino são esmagadas e consumidas com água velha;
  • Para a asma, os frutos da rudraksha são misturadas com água morna e administrados 2 a 3 vezes ao dia;
  • Casca da rudraksha e suco das folhas para tratar insolação e febre; 
  • A decocção de rudraksha, tomada regularmente junto com mel, é usada como purificador do sangue; 
  • Contas de rudraksha sob o travesseiro induzem a um bom sono. Fervidas no leite, este líquido aplicado nas pálpebras também ajuda a dormir bem; 
  • Nos transtornos mentais, 4 a 6 contas de rudraksha são fervidas no leite para depois consumir; 
  • Para melhorar o apetite sexual, aplica-se uma pasta de rudraksha na testa; 
  • Para a ansiedade, rudraksha com 5 faces (mukhis) é segurada na palma da mão direita por 10 minutos; isto ajuda a recuperar a confiança. 

 

Mônica Teles Lloyd

YOGUI LIFE – Aprendiz de Yogui

By | YOGUI LIFE

Aprendiz de Yogui

Já se sentiram tão assoberbados com o dia-a-dia que ficaram totalmente agitados, disparando ‘balas’ para todos os cantos e esquinas, só depois reparando onde acertaram?

E quando olham para trás e veem o que fizeram, sentem-se mal porque era completamente desnecessário ter aquela atitude e chega alguém e faz um reparo à situação passada e ficam ainda mais irados e volta a correr mal. E isto continua, neste registo, até que há um ‘iluminado’, sim, porque há sempre um destes à nossa volta, que diz: ‘Devias era fazer uma meditaçãozita, sempre ficavas mais calmo!’ Se já estávamos prestes a partir para a Lua, sem foguetão, tripulação ou fato espacial, nesse momento é: ai! E é aí que percebemos que estamos mesmo mal. Que temos de arranjar uma maneira qualquer de nos despirmos de todo e qualquer papel que desempenhamos e ficarmos só nós. ‘Talvez a meditação possa, de facto, ajudar!’, pensamos. ‘E não deve ser assim tão difícil, há montes de coisas na net sobre o assunto.’ Pois sim….

Eu procurei e encontrei! Agora, tenho de dizer que fácil não é. Até poderia rir se não achasse que era uma situação com potencial de tragédia grega.

Este fim de semana, na continuação da minha busca pelo conhecimento junto dos meus professores, foi dedicado ao desenvolvimento de técnicas que permitem meditar e à meditação.

Sábado à tarde foi-nos dado a conhecer a técnica de Antar Mouna, uma técnica que nos permite afastarmo-nos da nossa mente. Ficar, ou será ser silêncio? Foi-nos pedido que nos deitássemos confortavelmente, que puséssemos uma manta em cima de nós para não sentirmos o frio que se instalaria e eu fiquei maravilhada. ‘Ai, que bom! Relaxamento, é mesmo o que estou a precisar’. A professora começa a indução, oiço atentamente e aí é que são elas! O coração dispara como se estivesse frente a frente com um leão prestes a atacar. O silêncio dentro da minha cabeça é ensurdecedor. Uma autêntica viagem dantesca pelo espaço que é a minha mente. Uma sensação de vou sair do meu corpo, temperada com um ‘Nem penses nisso, Ana Catarina! Tens é que fugir daqui! Foge, foge, foge a toda a velocidade!’ Fez-me lembrar quando tive o meu segundo filho e me virei para a enfermeira, que ficou boquiaberta, e lhe disse: ‘Deixe-me ir embora! Fique cá você a fazer o parto, mas eu tenho de sair daqui!’ E nessa altura, ri de tão patética que era a minha situação. Antes e agora! E deixei-me ficar e absorver o que me estava a ser dado. Apesar dos conflitos internos que o silêncio traz, permiti-me afastar-me um pouco deles, só um pouco, porque estão tão colados a mim que parecem lapas, e ficar em silêncio, usufruindo deste na sua plenitude.

Após este silêncio, fizemos uma meditação com o professor. Desta vez sentada, com a manta em cima de mim, que eu estava gelada da experiência anterior. Consegui, com mais facilidade e acho até que com certo alívio, olhar para os barulhos da minha mente e dizer-lhes: ‘Já sei que estão aí, mas eu não tenho vontade de me juntar a vocês. Fiquem aí, façam a vossa viagem e eu fico só aqui!’ Correu bem melhor. A sensação de ser só eu, de não ir em nenhum dos ‘barcos’ que passavam carregados de listas, situações e pessoas é plena de significado, empoderando-me de mim mesma. No final da nossa aula, sentia-me não só gelada como um calipo, mas calma, capaz e esgotada. Há já muito tempo que não dormia a sesta, mas este sábado aconteceu e, caso não me tivessem acordado para jantar, tinha sido direto até às 5:30 de Domingo. O que é que isto quer dizer? Não sei! Sei que me soube bem! Sei também que vou ouvir a gravação desse sábado e vou fazer de novo. O que irei sentir? Depende, se realmente já me consigo afastar das pessoas que sou no dia a dia.

No domingo… Eu disse que foi o fim de semana dedicado a isto, não disse? Cheguei uns minutos atrasada à aula e não ouvi toda a explicação do que iríamos fazer. Vi os colegas preparados e pensei: ‘Boa, meditação novamente!’ agarrei na mantinha, já aprendi qualquer coisita do dia anterior, sentei-me e vamos lá!

Pelo amor de Deus!!!!! Quem é que consegue ficar quase 1 hora sentada, sem se mexer, ao mesmo tempo que aceita os pensamentos, listas, etc que aparecem, mas não se deixa ir com eles?

Lá estávamos nós, guiados pelo professor, e de repente: ‘Ai, que dor na coluna! Tenho que me ajeitar.’ E no segundo que o faço, oiço do outro lado um calmo ‘Não mexe!’. ‘Ups! Concentra-te! Respira para a dor! Tu consegues!’ mais um bocado e ‘Ai, a minha perna esquerda está a ficar dormente! Só mexê-la um bocadinho para aqui… Ah, muito melhor!’ do outro lado: ‘Não mexe!’. Dói o pescoço, ‘Não mexe!’; Dói a coluna novamente ‘Não mexe!’; Comichão na ponta do nariz ‘Não mexe!’; Dói a unha do dedo grande do pé direito, ‘Não mexe!’; Perna direita fria, dormente, com a sensação de estar o dobro do tamanho. ‘NÃO MEXE!’ Acaba a ‘revisão’ do corpo e eu penso: ‘Pronto, já está! É super difícil, mas já acabou!’ Pois sim… Logo de seguida, o professor diz ‘Visualiza, mentalmente, o topo da cabeça!’ ‘Socorro! Outra vez, não!’. Chega ao fim e volta ao início. Simplesmente, ‘Não mexe’! Ao menos é uma variação do ‘Salta, deita, rebola, pede biscoito’ do dia-a-dia. Às páginas tantas, qual concentração, qual carapuça! Eu já só pensava ‘Não mexe, o raio! Se eu ficar assim muito mais tempo vou cair dura no chão que nem tronco de árvore. Vai saltar-me a perna direita, de certeza! Que neeeervoooos!!!’ Eu já chamava por todos os santos e demónios quando, finalmente, o professor acabou o Vipasana.

Hoje, olhando para todas as experiências do fim de semana pergunto: Porque é que foi tão difícil concentrar-me? Ficar? Só ficar?

Talvez, porque o que nos leva a desistir de tudo o que é difícil é o apercebemo-nos que temos de lidar com os nossos monstros, conhecê-los, dizer-lhes ‘Olá!’ e aprender a gostar deles. Não sei qual é a resposta certa, sei que estou para ficar e só me resta dizer: ‘Obrigada pela oportunidade!’

Ana Rodrigues
Formação Ayurveda Yoga 2021
Método BmQ

AYURVEDA – Você já ouviu falar do Nigella sativa?

By | ALIMENTAÇÃO

Você já ouviu falar do Nigella sativa?

Especiaria com intensa mistura de sabores, lembram as sensações causadas no paladar pela pimenta, alho, cebola e gengibre. Na ciência, é famoso por suas propriedades fisiológicas e farmacológicas, com efeitos no sistema reprodutivo, digestivo, imunológico e nervoso central.

Mas você sabe quais são seus benefícios para a saúde?

Seu nome em sânscrito é Kalonji, em inglês é Small Fennel e em português é conhecido como Cominho Preto.

Encontrado no Sul e Sudoeste da Ásia, na Europa Central, na Espanha e em Portugal. 

O cominho preto é muito utilizado na medicina e na nutrição Ayurveda por seu potencial terapêutico, justamente por fortalecer a imunidade e combater os radicais livres e também como uma alternativa natural aos remédios anti-inflamatórios. O tempero vem sendo bastante desbravado e estudado, pois seus benefícios são inúmeros: essa semente ajuda a combater os radicais livres nocivos, por ser rica em antioxidantes, e pode apresentar um papel importante no combate a doenças como o cancro.

Gunas (atributos): Ruksha (seco) e Laghu (leve)

Rasa (sabores): Tikta (amargo) e Katu (picante)

Virya (potência): Ushna (quente)

Vipaka (após digestão): Katu (picante)

Efeitos nos doshas: pacifica Vata e Kapha e agrava Pitta

Benefícios

  • Rochana: melhora o paladar;
  • Deepana: melhora a força da digestão;
  • Vatahara: equilibra as desordens neurológicas de Vata (paralisia, hemiplegia, neuropatia, etc);
  • Daurgandhyanashana: melhora o mau hálito e os maus odores;
  • Pravartati Artavam: útil na amenorréia;
  • Medhya: tónico para o cérebro;
  • Jwaraghna: útil para a febre;
  • Vrushya: afrodisíaco;
  • Chakshushya: melhora a visão;
  • Adhmanahara: alivia o inchaço;
  • Atisarahara: bom para a diarréia, disenteria;
  • Jantughni: eficaz na infestação de vermes intestinais;
  • Broncodilatador: promove a dilatação dos brônquios;
  • Anti-inflamatório;
  • Antinociceptivo: anula ou reduz a percepção e transmissão de estímulos que causam dor;
  • Anti-diabético: auxilia na prevenção do diabetes;
  • Hepatoprotetor: protege a integridade do fígado de eventuais substâncias tóxicas;
  • Hipolipidêmico: usados no tratamento dos distúrbios no níveis de gorduras no sangue, principalmente no controle do colesterol;
  • Redutor de fadiga.

Em remédios populares, o cominho preto é usado no tratamento da asma, diarréia e elevados níveis de colesterol. É bom para o fígado, é um bom antiinflamatório, analgésico, no alívio das dores, febre e inflamações, dores de cabeça, de dentes e conjuntivites. 

Receitas caseiras

  • Para reduzir a gordura abdominal: misturar 1 colher de chá de cominho preto e 1 colher de chá de mel; comer esta pasta e, a seguir, tomar um copo d’água após o jantar, entre 2 a 3 meses.
  • Pode ser usado em formato chá: ferver 200ml de água e adicionar 1 colher de chá rasa de cominho preto moído; deixar em infusão durante 5 minutos e depois acrescentar 1 colher de chá de mel. A bebida pode ser tomada quente ou fria.
  • Para dor de dente: mastigar as sementes entre 3 a 5 minutos.
  • Para o crescimento do cabelo: misturar o pó da semente do cominho preto ao suco de cenoura, formando uma pasta. Aplicar no couro cabeludo.

Contra-indicações

  • Pessoas Pitta devem ter muita cautela no consumo do cominho preto, pela queimação no trato digestivo.
  • Pessoas com gastrite ou estômago sensível devem evitar o consumo.
  • Evitar durante a gravidez.
  • Crianças e mães lactantes devem limitar o consumo.

Precauções

  • Dose máxima diária recomendada: 3g/dia.
  • Para saber a dose recomendada e a forma de uso mais eficaz para você, consulte um profissional de Ayurveda.

Estudo randomizado
 Eficácia do mel e do Nigella sativa contra COVID-19: Experimentação de HNS-COVID-PK. 

https://www.news-medical.net/news/20201108/24318/Portuguese.aspx 

 

Mônica Teles Lloyd

PALAVRAS SENTIDAS – Todo o ser tem um rasto de nevoeiro debaixo dos pés.

By | PALAVRAS SENTIDAS

Todo o medo começa com uma espinha presa à coluna.

Todo o ser tem um rasto de nevoeiro debaixo dos pés.

Todo o santo dia penso – Talvez eu merecesse tal despautério.

Talvez eu tivesse desejado o caminho que me levou até aqui.

De vendas nas vendas dos sonhos muito se perde e muito se encontra
caso a procura da cura prevaleça no fundo dos dias e ao fundo dos pés.

Trata-se de um processo de ressurreição, este de forrar a respiração
com a divina sublimação do instinto ancestral sem tempo.

Na fissura das memórias de sustos e medos perguntei por mim.

E no momento do desgrenhar os cinco sentidos
o nada se preencheu do tudo que sempre foi.

Cláudia Afonso
Terapeuta Ayurveda na nossa Escola. Com uma entrega e dedicação enormes à Lara enquanto sua professora e ao BmQ. Uma especialista em ‘cozinhar’ óleos medicados.
Um ser com uma enorme sensibilidade para as artes da dança com o corpo e com as palavras. A Cláudia vai-nos presentear com palavras soltas numa dança poética que partem de um tema no âmbito da proposta para o nosso dia-a-dia desta medicina milenar – Ayurveda, a ciência da Vida!

AYURVEDA – Os incríveis benefícios do Cominho para a nossa Saúde

By | ALIMENTAÇÃO

Os incríveis benefícios do cominho para a nossa saúde

A popularidade do cominho é conhecida desde os tempos mais remotos, quando a especiaria foi encontrada no mausoléu dos Faraós do Antigo Egito e se estendeu até ao Novo Testamento, onde Cristo evoca a menta, o funcho e o cominho no livro de Mateus. Reinava entre os gregos e romanos para temperar variados pratos, pelo seu sabor picante, que substituía a pimenta do reino, raramente encontrada na época.

O cominho foi, por muitos anos, utilizado como símbolo do amor em casamentos e era levado com os guerreiros para a batalha, como presente da esposa, simbolizando a união entre o casal.

Curiosidades à parte, o cominho está presente no nosso dia-a-dia, difundido na culinária tradicional e nas alternativas mais saudáveis. Em sânscrito, seu nome é Jeeraka, derivado de Jeerna, que significa “digestão”. É, portanto, muito benéfico para os distúrbios do trato digestivo. Mas você saberia dizer os demais benefícios do cominho?

FICHA TÉCNICA

Nome Botânico
Cuminum cyminum



Família
Apiaceae

Classe
Magnoliopsida (angiosperma)

Ordem
Apiales, que também inclui a salsa, a cenoura, o aipo e a erva doce

Origem
Mediterrâneo Oriental e Egito. Hoje cultivado na África do Sul, Oriente Médio, Índia e México. 

Classificação clássica
Charaka Samhita – Shoolaprashamana ou ervas que aliviam as dores abdominais.
Sushruta and Vagbhata – ervas do grupo Pippalyadi, absorventes de muco intestinal e da linfa não assimilada.

Propriedades
O Thymol, um dos princípios ativos, promove a produção da saliva, bile e outras enzimas responsáveis pela digestão. O composto aromático culminaldeído ajuda à indução da secreção do suco digestivo somente pelo seu aroma.

O cominho é excelente fonte de Ferro. Uma colher cheia auxilia na redução da gordura corporal. Portanto, útil no tratamento para perda de peso. O cominho é um agente anticongestivo e um bom expectorante, devido ao seu rico óleo essencial. Por isso, eficaz para a tosse, resfriado e bronquite. 

Os cominhos contêm riboflavina, vitamina B6 e niacina, úteis para melhorar as funções cognitivas do cérebro. Contêm também Vitamina E, que melhora o tom e a textura da pele.

Pesquisa
Realizada pelo Laboratório de Pesquisa do Câncer, na Carolina do Sul, EUA, descobriu-se que o cominho pode ajudar a combater o câncer devido ao cuminaldeído, que demonstrou retardar o crescimento dos tumores. Tem também características que aceleram a produção de enzimas anticarcinogénicas e desintoxicantes, que podem ajudar na prevenção do câncer de cólon.

Benefícios

  • Melhora a percepção dos sabores
  • Estimula o Agni (fogo digestivo)
  • Promove a digestão
  • Melhora o intelecto
  • Auxilia no tratamento do vômito, 
  • Diarréia, 
  • Cólicas,
  • Gases,
  • Vermes intestinais 
  • Problemas dentários
  • Febre e
  • Problemas de pele
  • Alivia o stress,
  • Insónia,
  • Anemia
  • Doenças renais e estomacais
  • É antimicrobiano,
  • Calmante,
  • Antiespasmódico,
  • Antisséptico 
  • Galactagogo 
  • Afrodisíaco natural
  • Melhora a imunidade e a
  • Visão

O Cominho e os Doshas

  • Vata: os cominhos devem ser fritos em óleo de sésamo e só depois usados.
  • Pitta: fritar os cominhos no ghee ou óleo de côco, sendo este aconselhável por ser refrescante e nutritivo, acalmando, assim, o atributo quente do cominho e do dosha.
  • Kapha: o cominho diminui naturalmente Kapha dosha. Por isso, podem ser prontamente consumidos. Se quiser realçar o sabor do cominho, pode adicionar mel.

 

Remédios caseiros

  • Cominho em pó e coentro é uma boa combinação para melhorar a digestão das pessoas com sensibilidade no estômago, que não conseguem tolerar especiarias fortes como o gengibre ou a pimenta preta.

Como fazer: misturar em partes iguais, colocar 1 colher de chá da mistura num copo d’água e deixar durante a noite. Na manhã seguinte, coar e tomar em jejum.

Para cólicas abdominais e disenteria: torrar as sementes de cominhos e fazer pó. Adicionar a mesma quantidade de funcho. Tome meia colher de chá da mistura com água morna, 2x/dia.

Para aumentar o fluxo de leite em mães lactantes: Com uma colher de chá de ghee, frite as sementes de cominho até ficarem no tom castanho escuro. Adicione açúcar mascavado e faça uma pasta. Tome uma colher de chá, com leite, 2x/dia.

 

  Você sabe o que é Nigella? Fique atento ao próximo artigo na rubrica Mônica Lloyd aqui no Blog BmQ. Até lá! 

 

Mônica Teles Lloyd

AYURVEDA – Benefícios do Kapikachu, ou Mucuna Pruriens, no tratamento de Parkinson

By | ALIMENTAÇÃO

Benefícios do Kapikachu, ou Mucuna Pruriens, no tratamento de Parkinson

Uma planta tão potente quanto um remédio contra o Parkinson?

Usada há anos como planta ornamental, o Kapikachu, espécie nativa da África e da Ásia, é uma possibilidade real no tratamento do Parkinson.

FICHA TÉCNICA

Nome científico
Mucuna pruriens Família: Fabaceae



Nomes populares

Feijão-da-flórida, feijão-cabeludo-da-índia e feijão-maluco

Nomes Vernaculares:
Hindi: Kaunch, Kevanch
Inglês: Cow-hage, Cow itch, Velvet beans

Partes utilizadas
Sementes, raíz e vagem Origem: África e Ásia

Mucuna pruriens é uma famosa e multifacetada erva do Ayurveda, com muitos benefícios para a saúde, que vão desde afrodisíaco até condições neurológicas. O seu extrato, L- dopa, é sabiamente utilizado no tratamento da doença de Parkinson.

Efeitos nos Doshas
Reduz Vata, agrava Pitta e Kapha
Guna (atributos): Guru (pesado para digerir), Snigdha (untuoso, oleoso)
Rasa (sabores): Madhura (doce), Tikta (amargo)
Vipaka (sabor após digestão): Madhura
Veerya (potência): Ushna
Prabhava: Vrushya (afrodisíaco)
Principais tecidos envolvidos (Dhatus): beneficia todos os tecidos, especialmente o nervoso, reprodutor e muscular.
Principais canais envolvidos (Srotas): sistema nervoso, sistema reprodutor, sistema digestivo e sistema respiratório

Benefícios

  • Trata a maioria dos distúrbios do sistema nervoso
  • Aumenta naturalmente os níveis de dopamina no corpo
  • Trata a doença de Parkinson
  • Aumenta o humor, alivia a depressão
  • Ajuda no tratamento de problemas de dependência (alimentos, drogas, álcool, etc.) Aumenta a força e a energia
  • Aumenta os níveis de testosterona
  • Trata a disfunção sexual, como baixa libido, ejaculação precoce e impotência Aumenta a fertilidade em homens e mulheres
  • Útil na paralisia
  • Útil na insônia e outros distúrbios do sono
  • Anti-espasmódico e carminativo; trata gases, cólicas e inchaço
  • Útil em diarreia e prisão de ventre
  • Dilatador brônquico; útil na asma, respiração ofegante e falta de ar Rejuvenescedor, especificamente para os músculos, sistema reprodutivo e sistema nervoso
  • Trata a maioria dos Vata Vikara (doenças de Vata)
  • Aperta os músculos vaginais após o parto ou de outra forma
  • Promove a menstruação e é útil na amenorréia e hipoamenorréia
  • Aumenta o intelecto, memória, foco e concentração
  • Mata parasitas (especificamente os pelos da semente)

A doença de Parkinson (DP) é uma moléstia de curso progressivo, geralmente com início assimétrico em uma metade do corpo. Pode manifestar-se combinando dois ou mais dos seguintes sinais: tremor em repouso, rigidez muscular, comprometimento dos reflexos de manutenção de postura; acomete o sistema motor e acaba por se refletir em alterações na comunicação. As manifestações clínicas da doença decorrem de uma deficiência de dopamina cerebral resultante da degeneração dos neurônios pigmentados da substância negra compacta e outros núcleos pigmentados do tronco encefálico.

Na doença de Parkinson, a sinucleína (uma proteína no cérebro que ajuda as células nervosas a se comunicarem) forma aglomerados chamados corpos de Lewy. A sinucleína pode acumular-se em várias regiões do cérebro, principalmente na substância negra (na profundidade do telencéfalo) e interferir na função cerebral. Os corpos de Lewy geralmente se acumulam em outras partes do cérebro e do sistema nervoso sugerindo que podem estar envolvidos em outras doenças. Na demência por corpo de Lewy, eles se formam na camada externa do cérebro (córtex cerebral). Os corpos de Lewy também podem estar envolvidos na doença de Alzheimer, possivelmente explicando o porque cerca de um terço das pessoas com doença de Parkinson apresentam sintomas da doença de Alzheimer e porque algumas pessoas com doença de Alzheimer desenvolvem sintomas parkinsonianos.

Há várias formas de tratamento da doença, mas a medida mais eficaz consiste em restabelecer, ao menos parcialmente, a transmissão de dopamina. A dopamina não passa a barreira hemato-encefálica, portanto, não pode ser administrada. A L-Dopa, precursor da dopamina, ultrapassa essa barreira e é rapidamente descarboxilada por enzimas em dopamina. O uso da L-Dopa é uma das formas para se restaurar essa neurotransmissão de dopamina.

Kampavata é o termo utilizado no Ayurveda para explicar o Parkinson, onde Kampa significa tremor, perturbação metabólica, predispondo às doenças neurológicas e mentais.

 

O Kapicachu é o principal fitoterápico para Parkinson, pois é fonte natural de L-Dopa, que é convertida em dopamina, recurso mais eficaz para o tratamento da DP. A literatura mostra, através de alguns estudos, que a L-Dopa é capaz de proporcionar melhora em alguns parâmetros vocais, tais como aumento da frequência fundamental, da variação melódica, da intensidade vocal, da velocidade de fala, do tempo máximo de fonação e dos valores da pressão respiratória; melhora na inteligibilidade da fala, no tipo de voz; redução do grau do tremor vocal, ou mesmo sua eliminação em alguns casos; melhora o controle muscular e a resposta cognitiva e psíquica.

Na visão do Ayurveda, o uso do Kapikachu pode resultar na promoção de uma maior estabilidade e diminuição dos tremores da pessoa acometida pela doença.

Como usar o Kapikachu

1. Para purificar as sementes de kapikachu

Remover a pele das sementes e ferver em leite de vaca; como as sementes são muito duras, não irão dissolver. Tirar as sementes do leite, lavar em água quente, deixar secar; depois de secas, triturar para formar pó. Após este processo, usar, então, como medicamento.

2. Para rejuvenescimento muscular

Combine Kapikachu, Ashwagandha e Bala em partes iguais e tome 1/2 colher de chá, três vezes ao dia para aumentar a força, a massa e o rejuvenescimento geral dos músculos. Tome isso em 1/2 xícara de água morna; para benefícios adicionais de rejuvenescimento, adicione 1 colher de chá de ghee e 1/2 colher de chá de mel. Para pessoas Kapha, 1/2 colher de chá de ghee e 1 colher de chá de mel.

3. Para baixa libido e infertilidade

Para os homens: Combine Ashwagandha, Gokshura e Kapikachu em partes iguais e tome com 1/2 colher de chá de ghee derretido (com mel para pessoas Kapha), 2-3 vezes ao dia antes das refeições.
Para mulheres: Combine Shatavari, Gokshura e Kapikachu em partes iguais e tome com 1/2 colher de chá de ghee derretido (com mel para pessoas Kapha), 2-3 vezes ao dia antes das refeições.Benefícios do Kapikachu, ou Mucuna Pruriens, no tratamento de Parkinson

4. Para doença de Parkinson, vício, depressão, desequilíbrios de Vata e doenças do sistema nervoso

Combine Kapikacchu, Shankapushpi, Ashwagandha e Gokshura em partes iguais e tome 1/2 colher de chá, três vezes ao dia, após as refeições. Misture em 1/2 xícara de água morna e adicione 1/2 colher de chá de ghee (deixe derreter antes de beber).

5. Para asma

Tome 1/4 colher de chá de Kapikacchu com 1/4 colher de chá de Trikatu Churna, três vezes ao dia para problemas de asma crônica. Misture 1/2 xícara de água morna e tome após as refeições.

6. Para amenorréia ou menstruação escassa

Combine Shatavari, Vidari e Kapikacchu em partes iguais e tome com 1/2 colher de chá de ghee (com mel para pessoas Kapha), 2-3 vezes ao dia antes das refeições.

7. Para contrair os músculos vaginais após o parto

Faça uma decocção de Kapikacchu, Shatavari, Gokshura e Bala adicionando 1 colher de sopa de cada a 4 xícaras de água. Ferva a água e adicione as ervas. Cubra, deixando apenas uma pequena abertura para permitir a evaporação lenta. Assim que a infusão for reduzida a 2 xícaras, coe as ervas usando um pano de queijo. Deixe a infusão esfriar, depois pegue um pichu e mergulhe na decocção. Coloque o pichu embebido na vagina e deixe agir por 30 minutos. Faça isso 3-7 dias por semana, dependendo da gravidade. A decocção extra pode ser colocada em uma jarra hermética e guardada no frigorífico para reutilização; no entanto, certifique-se de aquecê-la um pouco antes da aplicação.

Efeitos colaterais do Kapikachu

Doses elevadas de Mucuna pruriens pode causar superestimulação, aumento da temperatura corporal, insônia, náuseas, transtornos gastrointestinais.

Contraindicações

Grávidas, lactantes, pessoas com síndromes androgênicas, pessoas com níveis elevados de prolactina. Hipoglicêmicos e diabéticos, uso sob supervisão médica (diminui a taxa sanguínea de açúcar).

Mônica Teles Lloyd, nasci em Santa Maria, Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, em 1970.
Cursei Publicidade e Propaganda na Universidade Iberoamericana, na Cidade do México, e Relações Públicas na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, RS, que não cheguei a concluir. Desde a adolescência, fui autodidata nos estudos sobre espiritualidade e autoconhecimento frequentando, inclusive, aulas de Biodanza. Ainda no Brasil, trabalhei na Diretoria para Assuntos Empresariais da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) e, posteriormente, no SEBRAE-RS (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). No ano de 2000 vim para Portugal. Comecei a estudar Enologia, curso organizado pela Universidade Católica do Porto e o Cincork. Trabalhei nesta área até 2007, um ano após o nascimento do meu único filho, Pedro. Comecei, então, a estudar Reiki, Aromaterapia e Terapia Floral. Filiei-me em 2010 à Ordem Rosacruz, a convite de uma grande astróloga brasileira, e sou membro até hoje. No Instituto de Medicina Tradicional do Porto, fiz o curso de Yoga Massagem Ayurvédica, método Kusum Modak. Cursei no Aastha Ayurveda Clinic and Training Center, New Delhi, Marma Therapies, Beauthy Therapies & Lifestyle diseases management e Ayurveda Herbology e, ainda cursando, Nutrição Ayurveda. Formanda no curso de Terapeuta Ayurveda, pelo BmQ, e Kayachikitsa, Clínica Ayurveda, pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya. Em 2018 fundei o BhavaSpace, em Matosinhos, onde desempenho a Terapia Holística como Mestre em Reiki, Aromaterapeuta, Terapeuta dos Florais de St. Germain, sob a visão da Medicina Antroposófica, e Terapias do Ayurveda. Membro da Amayur – Associação Portuguesa de Medicina Ayurveda – desde 2019 e, com muito orgulho, também cidadã portuguesa!

BACK2LIFE – Cuidados para o desconfinamento Global

By | BACK2LIFE

Cuidados para o desconfinamento Global
A NATUREZA DESCONFINA TODOS OS ANOS POR ESTA ALTURA, CHAMAMOS-LHE PRIMAVERA.

 

Prestando atenção à natureza veremos como vivemos num manancial de riquezas, cheio de sentido e significado. Observar e sentir a natureza é voltar ao seio de nossa existência, é nos reintegrarmos, pois somos parte dela também. Este é o propósito deste texto, um convite de reflexão sobre a relação em espelho do momento presente com a Primavera e de nós com a Natureza.

A primavera é uma estação do ano mas é também o despertar, o desconfiar de meses de “hibernação” conhecido por nós actualmente como confinamento.

O levantamento do confinamento e os raios de sol cada vez mais presentes despertam as cores lá fora e pequenos gestos trazem aos nossos dias profundas transformações. Dá vontade de sair, abrir os braços, respirar fundo, rir, encher a casa de flores e aos poucos vamos sendo contagiados pela chegada da Primavera, que inspira poetas e artistas de todas as épocas. Assim como a Natureza, também nós sentimos a vontade de renascer, este ano com redobrado entusiasmo, de voltar à alegria que sentimos na infância e à excitação que caracteriza a nossa juventude.

Mais do que em qualquer outro tempo, mais do que em qualquer outra Primavera, a alegria toma conta não só dos corações humanos, mas também de tudo que nos envolve. Vemos claramente o florescer da Vida nas ruas circulando com mais intensidade por todo o lado, a todos os níveis.

Esta estação, este momento, caracterizado pela excitação e entusiasmo rasgado pelos raios de sol e expandido pela liberdade de sair é uma proposta irrecusável mas que deve ser aceite com calma e ponderação. Bastam uns quantos anos de vida e observação do que nos rodeia para percebermos que esta chegada da Primavera para ser vivida em pleno deve ser vivida de forma progressiva. Aliás, a Primavera é isso mesmo, um caminho progressivo que te traz do Inverno/confinamento, recolhimento, hibernação para o Verão/desconfinamento, liberdade. Repara na Natureza que tão sábia te mostra que são poucas as horas que convidam, uma vez que as manhãs continuam frias e as tardes frescas. A Natureza desperta mas de forma progressiva, num saborear de liberdade que alimenta. Se seguirmos o exemplo da natureza aquando da chegada da Primavera também a nossa Primavera/desconfinamento se fará de forma tranquila, saudável e nutritiva o que pode ser um desafio para os mais ávidos e pássaros de Primavera.

Mas nem todos temos de nos refrear em viver a Primavera. Existem muitas pessoas que sofrem com a Primavera. Têm-lhe alergia.

As alergias são claramente questões do corpo físico bastante incómodas mas na verdade a sua origem está na questão emocional que esconde este medo em florescer, em Ser, em nos validarmos como somos, em nos expormos. As pessoas alérgicas à Primavera são também pessoas alérgicas ao desconfinamento. Se és uma dessas pessoas seguramente que sentes alguma excitação, ela é inevitável, mas logo vem o medo, a  ansiedade e o desconforto. Calma.

Estamos todos bem e vamos ficar melhor se aceitares continuar a ler este artigo e aplicares algumas das sugestões. Não garantimos a solução de todas as tuas questões porque como sabes o que serve para uns não serve para outros. Esse é o desafio da Primavera e do desconfinamento. Casos específicos carecem de metodologia específica e para isso sugerimos que peças mais informações sobre o programa Back to Life. Lembra-te que se és parte do grupo dos alérgicos à Primavera e queres fazer algo em relação a isso tens de te comprometer com o próprio processo, e assumir um compromisso pessoal para com a Vida deixando de usar a desculpa do “sempre foi assim, sou alérgico”.

É importante compreender que a Primavera é o processo anual de ensino que absolutamente tudo na vida passa. Todos os momentos hibernais por que passamos, em que tudo aparenta existir sem vida, seja por situações de perdas, decepções ou pelo simples refrear da vida, momentos de pausa que chegam e se instalam. Tudo passa e no seguimento sempre um novo ciclo que se inaugura como Alberto Caeiro escreve tão bem:

“Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.

– Alberto Caeiro –

O novo ciclo que agora se apresenta não é o regresso a algo mas sim a chegada a algo novo. No tempo actual e proposta de desconfinamento, a primavera é o convite que esperávamos para abrir  as janelas da casa, e da alma, para deixar entrar o aroma de novas possibilidades e deixar ir o aroma embolorado do medo. Mas para vivermos com saúde esta temporada há que refrear a intensidade e exercitar a entrega consciente. A primavera convida e a consciência abraça. Não temas as abelhas, as alergias, os pólens sai de coração aberto e cauteloso, tens muito tempo para desabrochar e florescer, vê a papoila, observa a borboleta. Não forces a saída do casulo, vai com calma e em breve terás chegado a todo o potencial da liberdade de Ser.

  • Reforça o teu sistema imunitário.
  • Integra novas rotinas de purificação da “tubagem” que leva o prana (energia vital) e o alimento até às tuas células.
  • Nutre o teu corpo com o alimento mais fresco, mais colorido, mais verdadeiro.
  • Faz exercício.
  • Liberta-te da prisão das redes sociais e das horas fechadas entre paredes.
  • Sê feliz.
  • Inscreve-te no Programa de Dinacharya e aprende mais sobre estas rotinas que farão de ti o melhor jardineiro de sempre desse jardim que és mas que permaneceu anos abandonado.
  • Marca a tua consulta e permite-te viver no teu máximo potencial, livre de anti-histamínicos, bombas da asma, lenços de papel, nariz a pingar e comichão nos olhos.

Tu tens o poder de agir e mudar o que quiseres.

Queres mesmo continuar a viver assim?

Lara Lima
Fundadora do método BMQ
Formadora da AMAYUR
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Professora Sénior de Yoga.

DAILY AYURVEDA – Congressos e corpo científico

By | DAILY AYURVEDA

CONGRESSOS E CORPO CIENTÍFICO

Apesar de (re)conhecida como Medicina, pela OMS, existe ainda pouca clareza comum sobre a legitimidade do Ayurveda enquanto sistema médico.

“Como pode um corpo de conhecimento sistematizado pelos antigos Sábios da Índia, e descrito em compêndios com mais de 3000 anos pode ser um sistema actual de prevenção e cura?”

Não obstante à crescente abertura do Ocidente ao Ayurveda, este sistema médico continua a levantar dúvidas e a não ter, pelo menos em Portugal, o reconhecimento médico e estadual que tantos outros Países já integram. Sem embargo à resiliência, resistência e sobrevivência do Ayurveda ao longo dos tempos a verdade é que é duro para quem a pratica profissionalmente não ver reconhecida a sua profissão e muitas vezes ter de defender este conhecimento dos ataques, escrutínios e mutilações constantes por parte de quem jocosamente a declara como magia, mezinhas ou crença popular num momento em que o estado actual de crescente reconhecimento científico só demonstra uma coisa, ser de facto um conhecimento baseado na Verdade da Vida. Só a Verdade pode permanecer firme e incorruptível perante semelhante adversidade (sobre isto podem ler mais no artigo https://www.bmqbylaralima.com/category/daily-ayurveda/).

Actualmente é evidente o aumento de adeptos e corpo científico que validam o conhecimento Ayurveda e o “traduzem” para a linguagem actual trazendo a público a forma de entendimento e suporte necessário à população e cultura moderna. Prova disso é:

  • a crescente literatura publicada sobre o tema, acessível aos vários níveis de público e entendimento
  • a introdução das terapias em clínicas médicas e espaços de bem-estar
  • o crescente número de retiros, cursos e workshops sobre a temática do Ayurveda
  • e, como em qualquer outra disciplina científica, também os encontros e congressos

Os Congressos de Ayurveda são encontros académicos e profissionais sobre vários temas que se relacionam com a prática Ayurveda. Nos últimos anos estes eventos têm sido cada vez mais regulares a uma escala Mundial graças à vasta presença que o Ayurveda tem tido nos cinco Continentes e a ampla validação científica que tem produzido corpo académico cada vez mais forte, estando actualmente integrado em muitos sistemas nacionais de saúde bem como em Universidades por todo o Mundo.

Nos últimos 10 anos o BmQ tem participado regularmente como palestrante em Congressos, desde 2012 no Congresso Mundial de Ayurveda em Pune (India) até ao mais recente já em 2021 no Congresso Internacional de Yoga e Ayurveda no Brasil. Nestes congressos podemos ouvir palestras dos profissionais mais especializados e credenciados, nas mais diversas especialidades, trazendo a público discussões profundas e debates interessantíssimos entre diferentes abordagens sobre temas bem actuais.

Como palestrantes, nestes mesmos Congressos, sentimos a responsabilidade de nos mantermos atualizados no conhecimento bem como na sua aplicação prática sendo cada vez mais a nossa participação baseada na apresentação dos nossos casos e programas.

Este ano o Suddha Yoga e Ayurveda, com o apoio do World Moviment for Yoga and Ayurveda e da International Academy of Ayurved, organizou o 1º Congresso Mundial de Yoga e Ayurveda online, mostrando as possibilidades que sempre existem nos períodos de maior desafio, com 15 dos principais professores de Ayurveda da Índia, alguns dos nomes mais importantes do Yoga e do Ayurveda da Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina e 25 destacados médicos, terapeutas e professores.

Este evento contou com a participação especial de David Frawley (Vamadeva Shastri), Shambhav Chopra, Prof. Subash Ranade, Dr. Prerak Shah, Dr. Gaurang Joshi, entre outros professores da Academia (IAA) tendo o BmQ apresentado o seu Programa de Ecologia Pessoal. – um Programa que integra os Yoga Sutras de Patanjali na prática integrativa de Ayurveda no dia a dia.

Também em Portugal temos assistido ao crescente número de congressos e eventos na área graças ao forte dinamismo da AMAYUR (Associação Portuguesa de Medicina Ayurveda que tem como missão a divulgação, promoção e formação em Medicina Ayurveda em Portugal) e organização anual de um Encontro de Ayurveda onde são convidados palestrantes de todo o Mundo e onde terapeutas e interessados podem participar conhecendo mais sobre este corpo de conhecimento e sua prática nos tempos de hoje, em Portugal. Nestes encontros o BmQ participa regularmente com palestras, workshops e casos clínicos tendo já impulsionado diversas participações de alunos.

É claro este grande empenho académico para compreender o Ayurveda parte de uma grande experiência prática fruto do crescente número de adeptos que a procuram não só como uma abordagem a questões que a medicina moderna não consegue responder como cada vez mais a procura de uma forma mais consciente de estar na vida, agindo antes do tempo.

Lara Lima
Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Professora Sénior de Yoga

WhatsApp: +351 915448303
www.bmqbylaralima.com
info@bmqbylaralima.com (assunto: programa BACK2LIFE, CHALLENGES, DINACHARYA, CONSULTA AYURVEDA, YOGA COACH)

Facebook
|https://www.facebook.com/BmQbyLaraLima/
Instagram
https://instagram.com/bmqbylaralima
YouTube
https://www.youtube.com/channel/UC97f5xJ7oshGJPuTeqIsUkQ
Twitter
https://twitter.com/BmqYoga?s=08

    YOGUI LIFE – O lugar do Yoga na agenda 2021

    By | YOGUI LIFE

    O LUGAR DO YOGA NA AGENDA2021
    “O YOGA ESTÁ NA MINHA AGENDA COMO FISIOTERAPIA”

    São diversas as motivações para iniciar uma prática de Yoga mas o grande desafio surge com relação à agenda. As pessoas raramente procuram um Professor específico ou um método quando estão a iniciar a “prática”. As pessoas procuram horários compatíveis com a agenda pessoal, profissional e familiar o que torna o início da prática desafiante e a criação do hábito uma miragem. Como colocar mais uma tarefa na agenda num momento em que a agenda pessoal, profissional e familiar perderam as linhas que separam as horas e toda a agenda é um borrão gigante intervalado por linhas de corrector que apagam planeamentos ultrapassados numa velocidade desconcertante?

    A prática é cada vez mais promovida em formato “DIY”, através de vídeos de Youtube ou redes sociais o que condiciona a possibilidade de ser personalizada para as motivações e idiossincrasias de quem a procura. Isto é especialmente “grave” para um praticante que está a iniciar e com necessidades específicas.

    Já abordamos no texto do mês anterior que estamos muito longe da relação com a prática de outros tempos. Tempos em que o aluno buscava o Professor, ainda que do outro lado do globo e sem internet, tempos em que o aluno se ajustava à disponibilidade do Professor e seu fuso horário, tempos em que a prática era uma primeira pele e não um casaco pendurado entre tantos outros à espera de ser escolhido para sair.
    A prática é actualmente, e cada vez mais, entendida como um extra, um capricho, um exercício como tantos outros e por isso facilmente substituível.

    “As pessoas procuram horários compatíveis com a agenda pessoal, profissional e familiar o que torna a prática uma miragem quando agenda pessoal, profissional e familiar perderam as linhas que separam as horas e toda a agenda é um borrão gigante intervalado por linhas de corrector que apagam planeamentos ultrapassados pela velocidade das mudanças.”

    Não escrevo de forma jocosa ou com qualquer tipo de pretensão que me coloque num patamar diferente. Não senhor, a minha prática “entra na minha agenda” (pessoal mas não familiar ou profissional, o porquê deste parêntesis já vão entender com a continuidade da leitura) e entra(va) com o nome dos meus Professores pelos quais tenho profundo respeito e presto incontestável reverência. Se a minha prática aparecesse na minha agenda profissional e familiar sem nome associado ou associada ao meu nome pessoal o mais provável seria não ser respeitada, por mim e demais.

    Chegamos à questão que dá título a este texto – o lugar do yoga na agenda de 2021. Qualquer Professor de Yoga sabe da necessidade de adaptar os seus horários aos horários da sociedade que o procura. Qualquer Professor de Yoga cria horários no sentido de promover rotinas de prática pois é sobejamente reconhecida a importância das rotinas na criação e manutenção de hábitos.

    Durante anos estas rotinas pareciam claras e “universalmente” aceites. Aulas desencontradas de 2f a 6f, duas ou três vezes por semana, e uma aula ao sábado geralmente destinada a práticas temáticas, tradicionais ou para quem praticava uma vez por semana. Quanto aos horários também apresentavam uma ordem transversal: aulas a meio da manhã, 09h30/10h, para os que trabalhavam por turnos, estavam de baixa ou reformados. Aulas ao final da tarde, 18h/19h, para quem saia dos empregos e ainda não tinha filhos ou tendo os miúdos já tinham maturidade par gerir actividades extracurriculares. Aulas ao início da noite, 20h/21h para pessoal com filhos pequenos que tinha de tratar do regresso a casa e só podia sair após banhos e jantares estarem orientados. Recentemente (4/5 anos) tinha ganhado protagonismo as aulas das manhãzinhas, 06h/07h, antes da família acordar onde o único desafio era saber quando terminar o dia.

    Assim o Professor de Yoga, para sobreviver na sua profissão, teve de se reorganizar como tarefeiro e fazer os horários em função dos alunos e ainda ajustar o seu ensino a um bloco de tempo, altamente restrito, disponibilizado pelos alunos sob pena do mesmo não renovar a mensalidade.

    Trazer a verdade para cima da mesa ou falar do elefante na sala não é desvalorizar a importância da agenda ou criticar a sua soberania perante a prática, trata-se sim de perceber que de facto a prática passou a ser usada como algo que nos serve em vez de ser algo que simplesmente “é”. Percebi isto quando uma aluna muito entusiasta, comprometida e dedicada começou a aparecer nas aulas num registo quase diário ao contrário do padrão de desmarcação constante em cima da hora a que me tinha habituado. Quando a parabenizei pela mudança de atitude e motivação intrínseca que trazia prioridade à prática respondeu-me “Lara, a minha motivação sempre foi a mesma e a prática é minha prioridade mas não a da minha secretária ou dos meus pacientes. Quando percebi isso, disse à minha secretária que tinha iniciado um plano de fisioterapia neste horário e de imediato, e sem questionamentos ou julgamentos, ela bloqueou a minha agenda. Os meus pacientes em vez de reclamarem passaram a preocuparem-se comigo e todos agora percebem a importância da minha fisioterapia. Está a correr tão bem que confesso que não tenho coragem para lhe mudar de nome.” Achei genial.

    É fundamental sermos conscientes da importância da nossa prática, do que ela representa para nós mas também ter consciência do que ela significa para os outros que podem condicionar o meu à vontade por lhe arranjar tempo na agenda. A partir desse dia sugiro às minhas alunas, principalmente Mães – que parecem não ter direito a nada mais do que a uma militância familiar e profissional (sobre isto leiam o texto do mês de Fevereiro na coluna Belly Love), que usem nomes como depilação, ginecologista, fisioterapia, lavandaria, reunião importante, entrevista ou qualquer outro semelhante para tapar o lugar na agenda que se dedica à prática.

    Como sabem sou Professora, pratico de forma diária e regular com Professores (falo no plural porque tenho diferentes professores para diferentes práticas e disciplinas) ainda assim são 11h00, acabei à poucos minutos a minha prática que gravei por motivos de svadyaya – estudo pessoal. Preciso vê-la e revê-la, principalmente nos dias em que a minha cabeça arranja argumentos, desculpas para saltar a prática. Preciso tomar consciência de que não tenho de me sentir culpada por ter este tempo para mim, ele é fundamental para a forma como me relaciono com o outros.

    Como referi alguns parágrafos acima, é reconhecia a importância do planeamento para criar uma rotina de prática e por isso, idealmente a prática tem hora fixa e a minha hora ERA 4h. É fácil praticar às 4h quando a casa ainda dorme. Porém o condimento e o fecho das escolas trouxe uma nova tarefa à minha agenda. Uma tarefa que não ocupa 2h por dia em tele-escolas e aulas online. Uma tarefa que ocupa 8h porque há que contabilizar o tempo de preparação para a aula, o tempo de aula com interrupções constantes tipo: “oh Mãe o iPad está sem bateria”, “oh Mãe não consigo ouvir a Professora”, “oh Mãe não encontro o exercício que a Professora mandou fazer”, “oh Mãe tenho sede”, “oh Joana, porque não estás em frente ao iPad?”, “Maria a aula já acabou?”, “Joana porque estás a fazer desenhos em vez de participar na aula?” “Maria estás a tomar atenção ao que a Professora disse?”. E quando tudo parecia estar a fluir vem o intervalo e com ele novas interrupções: “Oh Mãe recomeço daqui 10m”, “oh Mãe vou fazer xixi”, “oh Mãe tenho fome”, “Joana tens a certeza que ainda estás no intervalo?”, “Maria já estou a ouvir a tua Professora”. Claro que têm horários desencontrados para as poder apoiar por isso estamos a falar de um período das 09h às 13h neste registo. Depois vêm os trabalhos da tarde e a oferta complementar, as aulas online de música, de ginástica e de natação (sim, porque a natação que até agora precisava de um tanque de água passou a ser possível ser realizada de forma virtual?!?). Juntem a isto o tele-trabalho e algumas consultas presenciais, escrever para blogs, preparar congressos, dar formação, responder a casos urgentes, mentoras, reuniões de equipa. Não vale esquecer o puto de 3 anos que corre pela casa, que quer agarrar todos os iPads, que chama pelas irmãs e não percebe porque estão em casa e não podem brincar com ele! Ainda assim existem coisas que mantenho de forma natural sem necessidade de as apontar na agenda (para já, enquanto o discernimento o permitir!): lavar os dentes, dar atenção ao intestino, comer, tomar banho e… praticar.

    A minha prática tinha tudo para não existir se necessitasse de um tempo na agenda. Não há tempo e por isso a minha prática deixou de precisar de tempo na agenda e passou a estar incluída nas minhas rotinas. Têm sido dias desafiantes, não em mantê-la pois é uma parte de mim que pede a mesma atenção que as necessidades básicas fundamentais, mas em travar o julgamento mental. Procuro não me envergonhar, não pedir desculpa, não questionar se foi ou não o que eu queria que fosse. A minha prática tem hora fixa, excepto os dias em que muda de horário (perceberam a ironia?!) e não está na agenda.

    A minha prática é interrompida por um alucinado número de pessoas que irrompe a minha sala e que desafia a um nível que nunca achei possível manter o meu foco e a minha concentração. A minha prática não é perfeita, não é a que eu desejo mas é a que posso fazer e como é tão desafiante hoje mais do que nunca não dispenso os meus Professores. Hoje mais do que nunca agradeço o investimento e disciplina de a ter integrada como uma ROTINA, não fosse isso tinha-a perdido certamente. Se tivesse perdido a minha prática tinha perdido parte de mim. A prática é a única constante dos meus dias, a única coisa que não muda e me traz algum conforto e segurança de que dia a dia algo se mantém. A prática é o meu relacionamento mais longo e algo que nenhum confinamento me pode tirar.

    Como professora, creio que o meu maior dever é incentivar e entusiasmar a praticar mas não tem como isso acontecer sem compreender os desafios actuais e sublinhar a importância de mudar o paradigma da prática.
    A prática não é uma ginástica, um exercício ou uma tarefa de agenda.
    A prática é tempo para ti e não deve ser desvalorizado nem por ti, nem por ninguém sobre ti.

    É preciso entender, compreender que estamos todos a passar, constantemente, momentos desafiantes e que se a prática não está integrada como uma rotina qualquer despropósito ou surpresa a vão condicionar. Todos os dias somos confrontados com novas circunstâncias sejam elas a pandemia, um pé torcido ou uma diarreia e todos os dias, todos, fazemos o nosso melhor para lidar com as adversidades, as surpresas. Cada momento é uma oportunidade para realizar uma nova aprendizagem, todas juntas trazem mais resiliência face àquilo que foge ao nosso controlo. Na verdade não controlamos nada, este momento apenas serve de aprendizagem mais intensa e bruta desta verdade. Na verdade a ansiedade que surge da falta de controlo não é fruto da pandemia, é fruto de quem és e por isso só tu podes terminar.

    Vem saber mais sobre a IMPORTÂNCIA DAS ROTINAS NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL, segundo o Ayurveda e a tua experiência pessoal. hoje mais do que nunca somos chamados a nos responsabilizarmos sobre a vida que queremos viver.

    Lara Lima
    Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
    Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
    Terapeuta Ayurveda Sénior
    Professora Sénior de Yoga